
20 Agosto 2016 | 03h00
O Programa Saúde da Família tem duas linhas de trabalho: atende a consultas agendadas e também à chamada livre demanda, por ordem de chegada, na unidade de referência. Sob esse segundo aspecto, o déficit de médicos provoca um grande prejuízo. Se não é atendido no posto, aquele paciente de PSF vai para a fila do pronto-socorro, já lotado normalmente. Os demais também acabam prejudicados porque os agendamentos serão mais espaçados. Isso atrapalha os pacientes crônicos, que precisam renovar as receitas médicas, e ainda os idosos e pessoas acamadas, que precisam ser acompanhados em casa.
Esse déficit recorrente ocorre pelas políticas “tapa-buraco” promovidas especialmente pelo governo federal, seja pelo programa Mais Médicos ou pelas bolsas concedidas a recém-formados que servem de bônus para futuras provas de residência. Ambas têm prazo de validade, em vez de estratégias de fixação. O Mais Médicos tem contrato de três anos e as bolsas, validade de 12 meses. São opções, portanto, temporárias, quando a necessidade é justamente contrária, para que se alcance o resultado esperado. Do jeito que funciona, médico de família, aquele que conhece o paciente, sua família e seus problemas, será cada vez mais raro de se encontrar.
JOSÉ LUIZ BONAMIGO FILHO É DIRETOR DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA
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