O uso massivo de inseticidas no combate ao mosquito Aedes aegypti começou entre as décadas de 40 e 50, quando conseguimos erradicá-lo, mas o retorno do vetor, na década de 70, e, consequentemente, a retomada do uso do produto nesta década e nas seguintes, acarretou o aparecimento de insetos resistentes aos inseticidas.
Essa resistência torna necessária a substituição periódica de produtos e o uso cauteloso. Quanto mais se aplica inseticida, mais resistentes os insetos se tornam aos produtos usados, por isso o chamado fumacê só deve ser feito de forma localizada, em regiões onde houve registro das doenças transmitidas pelo Aedes, para que os mosquitos adultos que estão transmitindo o vírus sejam mortos. Além disso, o inseticida é prejudicial à saúde e não pode ser usado de forma indiscriminada.
A situação mostra que a aplicação desses produtos deve sempre ser acompanhada pelo esforço da população em combater os criadouros, ainda mais agora, que a resistência dos insetos se acentua.
Precisamos ainda estar preparados para outros desafios no combate ao vetor: sua possível adaptação a temperaturas mais baixas e o aumento do calor. Em São Paulo, a presença de edifícios em grande quantidade e a diminuição de regiões arborizadas facilitam o aumento da temperatura média, o que torna o ambiente mais propício para a ação do Aedes.
FRANCISCO CHIARAVALLOTI NETO É PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE EPIDEMIOLOGIA DA FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA DA USP