Anvisa autoriza dose infantil de droga contra doença de Chagas

Fórmula inédita deve aumentar eficácia do tratamento; registro permite produção imediata

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Por Efe
Atualização:

O governo autorizou a comercialização da versão pediátrica do remédio mais usado no mundo contra a doença de Chagas. O Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe) vai produzir a droga para distribuição a preço de custo em todos os países latino-americanos. O registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) da dose infantil do benzonidazol foi anunciado hoje, 2, pelo secretário de Ciência, Tecnologia e Produtos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha. O registro permitirá a imediata produção e comercialização da fórmula pediátrica, inédita no mundo, que foi desenvolvida graças a um acordo entre o Lafepe e a organização internacional Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, na sigla em inglês). O remédio poderá ser comercializado a partir do dia 12 de dezembro, data da publicação do decreto. "O Lafepe só estava esperando o registro para iniciar a produção, por isso calculamos que o remédio poderá ser lançado este mesmo mês", disse à Efe uma fonte da DNDi. O registro da fórmula no Brasil também poderá agilizar os trâmites nos países vizinhos onde também foi solicitada a autorização para a comercialização da droga. "Os trâmites já estão adiantados na Argentina, Bolívia, Colômbia e Paraguai", diz a mesma fonte. O acordo com a DNDi prevê que o Lafepe produza a versão para crianças do benzonidazol e o distribua a preço de custo nos 21 países da América do Sul e Central, onde a doença é endêmica e onde haveria entre 8 e 10 milhões de pessoas com o parasita no sangue. O Lafepe, segundo maior laboratório público do Brasil, é atualmente o único da América Latina que conta com a tecnologia para produção do remédio, que fio transferida pela multinacional Roche ao governo brasileiro. Como não há uma droga contra a doença formulada especificamente para crianças, atualmente a versão para adultos é partida em vários fragmentos, para ser administrada a crianças. Mas os especialistas consideram que essa fragmentação pode reduzir a eficácia do remédio. A doença de Chegas provoca cerca de 12 mil mortes a cada ano e é mais mortal do que a malária na América. Segundo a DNDi, a nova versão será mais fácil de administrar e garante um tratamento mais seguro para bebês e crianças com menos de dois anos, que poderão receber a dose exata. Os especialistas consideram que o tratamento com o remédio já no primeiro ano de vida seria capaz de eliminar o parasita em mais de 90% dos recém-nascidos infectados ou que contraíram a doença da mãe.

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