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Vacina antidengue traz riscos para quem nunca teve a doença

Imunizante foi aprovado no Brasil em 2015; é indicado para a proteção contra os 4 tipos do vírus e aplicado em 3 doses

Foto do author Fabiana Cambricoli
Por Ligia Formenti e Fabiana Cambricoli
Atualização:

BRASÍLIA - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu alerta nesta quinta-feira, 29, sobre eventuais riscos do uso da vacina contra dengue produzida pela Sanofi Pasteur em pessoas que nunca tiveram contato com o vírus. Dados preliminares de um estudo conduzido pelo próprio laboratório e apresentados esta semana para a agência indicam um aumento do risco do desenvolvimento da forma grave da doença nesse grupo. 

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No comunicado, a Anvisa esclarece que a vacina em si não desencadeia a dengue nem a forma grave da doença. O risco de aparecimento de casos graves estaria restrito, de acordo com o trabalho, às pessoas que nunca tiveram contato com o vírus.

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A Anvisa destacou que os dados precisam de confirmação. Mesmo assim, como medida de precaução, a bula da vacina deverá ser atualizada. Já o próprio laboratório admite que a vacina deixará de ser recomendada para pessoas que nunca tiveram dengue. “Não é uma contraindicação porque os riscos são baixos, mas deixamos de recomendá-la para quem nunca teve contato com o vírus porque os estudos mostraram que não compensa para esse público”, disse Sheila Homsani, diretora médica da Sanofi Pasteur.

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A vacina foi aprovada no Brasil em 2015. Ela é indicada para a proteção contra os 4 tipos de vírus da dengue e aplicada em três doses. Na época do lançamento, a informação era a de que o imunizante proporcionaria eficácia global de 65%. Isso significa que, mesmo depois de vacinadas, as pessoas tinham o risco de 35% de contrair a doença se fossem expostas ao vírus.

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O desempenho da vacina, contudo, variava de acordo com o subtipo do vírus. No subtipo 1, o grau de proteção é de 58%. No subtipo 2, por sua vez, de 47%. Nos demais subtipos, a proteção é um pouco maior: de 73,6% (no caso do subtipo 3) e de 83%, para subtipo 4.

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A vacina está disponível nas clínicas particulares. Ela não é adotada no Programa Nacional de Imunização. O governo do Paraná, no entanto, comprou por iniciativa própria cerca de 700 mil doses da vacina, para ser ofertada para moradores de áreas consideradas de maior risco. Dos 399 municípios do Estado, 30 receberam o imunizante. O secretário de Saúde do Paraná, Michele Caputo Neto, afirmou que a iniciativa será mantida. “A decisão de incorporar a vacina foi adotada com dados epidemiológicos consistentes. Não há motivo para mudança da estratégia”, assegurou.

Até agora, o Paraná vacinou 300 mil pessoas contra a dengue em três etapas da campanha, entre 2016 e 2017. Um novo ciclo de vacinação está previsto para março de 2018. “Não houve nenhum relato de complicações provocadas pelo imunizante”, disse Caputo Neto.

Os estudos conduzidos pela fabricante da vacina mostram que o aumento de risco se traduz em 5 casos de hospitalização em cada mil pessoas que nunca haviam tido contato com o vírus e foram vacinadas e 2 casos de dengue severa em cada mil pessoas vacinadas sem contato prévio com o vírus.

Benefício

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A Anvisa diz que, para pessoas que já tiveram contato com o vírus, “o benefício da vacina permanece favorável”. Antes da obtenção do registro, a vacina havia sido testada em cerca de 40 mil pessoas. Naquela etapa, não foram identificados riscos na população em geral.

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