Anvisa quer limitar número de cirurgias com câmeras

Pelo menos 3 mulheres submetidas a procedimento não-cirúrgico podem ter sido afetadas por micobactéria

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Por Fabiana Marchezi
Atualização:

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer limitar o número de equipamentos e de procedimentos cirúrgicos diários, especialmente os que usam pequenas câmeras de vídeo que são introduzidas no paciente. A medida deve ser adotada em todos os serviços de saúde do País para reduzir o número de infecções pós-cirúrgicas por Micobactéria de Crescimento Rápido (MCR).   Conte o que você sabe sobre micobactérias   Esse tipo de bactéria está relacionada a problemas na limpeza dos instrumentos e aparelhos utilizados em cirurgias. Segundo a Agência Brasil, a Anvisa informou que, ao fiscalizar os serviços de saúde, descobriu que essa aparelhagem vinha sendo apenas desinfetada - procedimento que dura em torno de 30 minutos - e não esterilizada - procedimento recomendado e que dura cerca de 10 horas.   "O que percebemos é que onde tem sido aplicado procedimentos de esterilização, de forma correta e completa, não há problemas. E onde ocorreram casos e o serviço de saúde passou a adotar os procedimentos de esterilização não houve reincidência", explica a diretora-adjunta da Anvisa, Beatriz Macdowell Soares.   Com a limitação do número de cirurgias e de aparelhos adquiridos pelo serviço de saúde, a agência espera acabar com a falta de tempo para a esterilização. Desde 2003, já ocorreram 2025 casos de infecções por MCR (existem mais 3 em investigação atualmente). Em 72% dos casos, a bactéria se desenvolveu após cirurgias abdominais, videolaparoscopia, redução de duodeno e retirada de lipomas. Sempre em procedimentos que utilizam câmeras de vídeo ou aparelhagem similar, mas não há registro de casos provocados por exames e procedimentos de diagnóstico.   Recentemente, o governo do Espírito Santo proibiu temporariamente que as clínicas e hospitais do Estado realizassem cirurgias de lipoaspiração. A medida foi tomada porque ocorreram os primeiros casos de infecção por esse tipo de bactéria no estado nesse tipo de procedimento. Mas as lipoaspirações foram responsáveis até hoje por apenas 3% dos casos de infecção por MCR.   Em nota técnica, a Anvisa alerta que esse tipo de infecção se configura uma doença emergente, "sem registros anteriores aqui e em outros países, nessa proporção" e que a situação é grave em quase todos os estados do País. "A Micobactéria tem crescimento rápido, mas pode se manifestar em até dois anos. Elas podem causar grânulos que podem provocar a necessidade de nova cirurgia para a retirada", explica Beatriz Macdowell. "Os profissionais de saúde devem alertar o paciente para os riscos e avaliar a real necessidade de indicação da cirurgia", completa.   A Anvisa também sugere que os serviços de saúde que utilizem outros produtos para esterilizar os equipamentos e não mais o glutaraldeído 2% (mais utilizado atualmente), porque a bactéria tem demonstrado resistência ao produto.

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