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Apenas um terço da população mundial com HIV tem acesso a tratamento

Permanência de barreiras eleva o número de infectados para 33,4 milhões de pessoas, diz relatório

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Por Redação
Atualização:

GENEBRA - Apenas um terço da população mundial portadora do vírus HIV tem acesso a remédios para tratamento, apesar de nos últimos anos a situação ter melhorado em alguns países de renda baixa e média. Em um relatório conjunto feito pela Unaids (programa da ONU para a aids), pelo Unicef e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) publicado nesta terça-feira, 28, em Genebra, as entidades alertam que as metas impostas pela ONU aos países em 2006 (de universalizar o acesso à prevenção e ao tratamento da doença até 2010) são de conquista "improvável". A permanência de barreiras eleva o número mundial de infectados por HIV para 33,4 milhões de pessoas, uma quantidade que "desafia a saúde pública" em termos de abastecimento e disponibilidade de tratamentos, segundo o texto. No final de 2009, 5,2 milhões de adultos e crianças recebiam tratamento contra o HIV no mundo, contra 4 milhões no ano anterior, o que configura um aumento da cobertura dos infectados de 28% para 36% - pouco mais de um terço da população mundial contaminada. No entanto, segundo o relatório, apesar dos resultados encorajadores dos últimos anos, o financiamento está estagnado por causa da crise econômica mundial. Por isso, as entidades pedem para que países, doadores e organismos que continuem contribuindo com essa causa. "Muitos países demonstraram que é possível universalizar o acesso", disse nesta terça o diretor para HIV, Tuberculose e Malária da OMS, Hiroki Nakatani. Ele destacou que 15 países, entre eles Botsuana e África do Sul, elevaram a distribuição de antirretrovirais para 80% das mulheres grávidas portadoras do vírus da aids. Além disso, oito países, como Cuba, Camboja e Ruanda, alcançaram o acesso universal para tratamento de adultos. "No entanto, esse é um compromisso inacabado, e devemos aumentar os esforços para os próximos anos", afirmou Nakatani. Assim, ele anunciou que o objetivo de 2010 será adiado para 2015 e que, embora a estagnação dos financiamentos tenha desacelerado o processo, o progresso em locais como a África Subsaariana - a mais atingida pelo HIV - "oferece esperança", com um aumento da cobertura do tratamento de 32% para 41% em um ano. Nessa região, menos de 40% dos portadores conhecem seu estado sorológico. No campo da prevenção, 67 milhões de pessoas em 100 países se submeteram a um teste de diagnóstico de HIV em 2009, um crescimento considerável em relação ao ano passado, embora, de acordo com o relatório, isso seja "insuficiente". Em contraste com esses números negativos, subiu o número de países de renda baixa e média que iniciaram atividades de prevenção para grupos com maior risco de infecção, como usuários de drogas injetáveis, profissionais do sexo e homossexuais. O relatório avalia que existem múltiplos obstáculos legais e socioculturais que impedem ou dificultam a utilização dos serviços de atendimento sanitário pelos usuários de drogas injetáveis, profissionais do sexo e homossexuais e, portanto, recomenda a eliminação das leis punitivas ainda vigentes sobre o assunto. Outro problema grave, acrescenta o documento, é a ausência de garantias sobre o sangue oferecido para transfusões nos países menos desenvolvidos, e menciona que só 48% das doações sanguíneas desses países foram submetidas a exames de detecção de qualidade, contra 99% nas nações ricas. Quanto às mulheres grávidas com HIV, um recorde de 59% tiveram acesso aos antirretrovirais em 2009, embora "a cada dia mais de mil crianças sejam contaminadas antes de nascer, durante o parto ou a lactação", alerta o diretor de HIV do Unicef, Jimmy Kolker. "Estamos no caminho correto, mas necessitamos de pelo menos US$ 10 bilhões para alcançar ótimos resultados", acrescenta o diretor da Unaids, Paul De Lay, e apelou aos doadores para que aumentem suas contribuições na conferência do Fundo Global para a Aids, que será realizada na próxima semana em Nova York.