22 de novembro de 2007 | 14h38
A despeito de todo o entusiasmo gerado entre cientistas - e em setores conservadores, como a Casa Branca e o Vaticano - pelo anúncio, nesta semana, da criação de células muito semelhantes às células-tronco embrionárias sem o uso de embriões, a reação das empresas que poderão um dia transformar a técnica em tratamentos médicos foi morna. Cientistas transformam células humanas em células-tronco Bush comemora criação de células-tronco sem uso de embriões Em dois artigos científicos publicados na terça-feira, 20, pesquisadores dos EUA e do Japão informaram ter reprogramado células humanas adultas para que se comportassem como células-tronco embrionárias, que podem dar origem a vários tipos de tecido e, teoricamente, têm grande potencial em aplicações médicas. Executivos do setor de biotecnologia disseram que o resultado tem interesse científico, mas que o novo método tem ainda menos chances de gerar resultados médicos significativos em breve do que o processo que exige a destruição de embriões. Um executivo, cuja companhia desenvolve tratamentos com uso de células-tronco que logo poderão entrar na fase de testes em seres humanos, destacou que a FDA, órgão do governo dos EUA que libera ou veta a adoção de medicamentos e tratamentos, dificilmente aprovará, com rapidez, uma técnica que exige um tratamento diferenciado para cada paciente. É improvável que a técnica "dê frutos", disse Tom Okarma, presidente da Geron Corp., uma empresa que já investiu US$ 100 milhões em pesquisas com células-tronco embrionárias humanas. "A maioria das pessoas que dizem que esse negócio vai mudar o campo terapêutico na verdade não sabe nada sobre terapia celular", disse ele. Os cientistas pioneiros da nova abordagem disseram que reprogramar as células de um indivíduo para imitar células-tronco fornece um método para criar células feitas sob medida para cada paciente. Mas o processo de passar terapias individualizadas pela FDA poderá ser muito mais caro e demorado que usar células de embriões, afirma Okarma. A Geron espera iniciar, em 2008, testes clínicos de uma terapia de células-tronco para danos na medula espinhal. Os artigos científicos de terça-feira derrubaram as ações da empresa em 6%. Os cientistas envolvidos na pesquisa pura também reconhecem que é preciso descobrir mais sobre o novo tipo de célula criado pela reprogramação, e encontrar um modo de criá-las sem o risco de que se transformem em tumores. "Não posso dar datas", disse um dos realizadores da reprogramação, James Thomson, da Universidade Wisconsin-Madison.
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