Após 8 anos sem medicação, criança sul-africana não apresenta sinais do HIV

Caso foi apresentado por cientistas em congresso e pode ajudar em pesquisas sobre o sistema imunológico de quem tem o vírus

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Por Redação
Atualização:
Vírus da aids na superfície de uma célula Foto: Cynthia Goldsmith/Centers for Disease Control and Prevention via AP

Uma menina de 9 anos da África do Sul infectada com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) desde o nascimento viveu os últimos oito sem medicação nem qualquer sinal da doença, após ter sido tratada durante os primeiros meses de vida, revelou um estudo apresentado nesta segunda-feira, 24, em Paris (França).

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Os pesquisadores do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID) apresentaram este caso promissor na nona edição da Conferência de Investigação sobre o HIV, organizada pela Sociedade Internacional contra a aids (IAS). Em condições normais, os soropositivos devem se medicar durante toda a vida para manter o vírus sob controle, mas a menina surpreendeu os especialistas ao possuir uma carga viral indetectável sem a ajuda de tratamento.

Segundo os cientistas, esse é o primeiro caso de um menor de idade a controlar o vírus durante um período prolongado sem tratamento na África e o terceiro no mundo.

A jovem sul-africana, que por todo esse tempo foi acompanhada, começou a ser medicada quando tinha nove semanas de vida e teve o processo suspenso após 40, quando a carga viral passou a ser indetectável.

"Este caso poderia nos ajudar a compreender como o sistema imunológico controla o HIV e orientar futuras investigações sobre a descontinuidade precoce da medicação", afirma o estudo, que adverte que a menina não pode ser considerada curada porque atualmente ainda é impossível eliminar o vírus do corpo dos portadores.

Em 2015, o Instituto Pasteur, na França, anunciou que uma adolescente, soropositiva desde que nasceu, deixou de tomar os remédios quando tinha seis anos e tinha passado os últimos 12 sem tratamento nem sinais da infecção. Um caso parecido com uma criança infectada com HIV e tratada na primeira infância foi descrito nos Estados Unidos e ficou conhecido como o "Bebê do Mississipi", mas o vírus voltou a aparecer em níveis detectáveis cerca de dois anos depois do fim do tratamento.

Desde que o diagnóstico foi descoberto, em 1981, a aids matou 36 milhões pessoas no mundo todo. Atualmente, 53% dos portadores do vírus do HIV têm acesso a medicamentos antirretrovirais, conforme dados apresentados na semana passada pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids). /EFE

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