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Após alta lotação nas praias, casos de coronavírus voltam a subir na Baixada Santista

Tendência de redução que o Estado já vive é instável, sujeita a possíveis aumentos de transmissão, afirma especialista; governo estadual informa que números na região indicam estabilidade

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA – Os números do novo coronavírus interromperam a tendência de queda e voltaram a subir na última semana, na Baixada Santista, litoral do Estado de São Paulo. Considerando o período de incubação do vírus, o aumento pode estar relacionado às altas lotações das praias da região entre o último fim de semana de agosto e o feriadão de 7 de setembro. Especialista diz que a tendência de redução que o Estado já vive é instável, sujeita a possíveis aumentos de transmissão, por isso os cuidados devem ser mantidos. Já o governo estadual informou que os números na região indicam estabilidade na pandemia.

De acordo com epidemiologista da USP, liberação das praias do litoral nas últimas semanas foi feita sem nenhum cuidado. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Os boletins das prefeituras mostram que a média diária de casos de covid-19, que era de 476 na semana de 5 a 11 de agosto, foi baixando semana a semana, até chegar à média diária de 149 na semana do dia 2 ao dia 8 de setembro. Já na semana de 9 a 15 de setembro, a média diária subiu para 196. 

A média diária de mortes teve comportamento semelhante. Era de 13 mortes por dia na semana de 5 a 11 de agosto e caiu gradativamente, até fechar a semana de 2 a 8 de setembro com média de 5 mortes diárias. Na semana seguinte, no entanto, o número subiu para uma média diária de 8 mortes. Os números mais recentes indicam que a tendência de alta pode continuar. Só nesta quinta-feira, 17, em apenas três cidades que atualizaram boletins – Santos, Guarujá e Cubatão – foram registrados cinco óbitos pela covid-19.

No total, a Baixada Santista chegou a 52,3 mil casos confirmados e 1.892 mortes pelo novo coronavírus. Apenas Santos tem 19.089 casos e 597 óbitos, seguido por Guarujá (7.910 casos e 372 óbitos), Praia Grande (7.869 casos e 225 mortes) e São Vicente (6.158 casos e 387 mortes). Nesta quinta-feira, o Estado de São Paulo registrava 916.821 casos positivos e 33.472 mortes pelo vírus. 

Mais carros

O aumento no fluxo de turistas para a Baixada Santista e outras cidades do litoral paulista acontece desde o fim de agosto, quando foi ampliada a reabertura do comércio e ficou mais difícil controlar o acesso às praias. No fim de semana de 29 e 30 de agosto, o primeiro da retomada, imagens mostraram faixas de areia lotadas. No feriado da Independência, mesmo com a pandemia, o fluxo de turistas foi maior que em 2019.

No último fim de semana, 2,5 milhões de veículos utilizaram as rodovias estaduais com destino ao Interior e ao litoral paulista, segundo dados da Secretaria de Logística e Transportes do Estado. O número de carros foi 1,63% maior que o do último fim de semana de agosto, até então o mais movimentado desde o início da pandemia. Em rodovias de acesso às praias do litoral norte, o movimento aumentou entre 6,9% e 7,8%. Já no Sistema Anchieta-Imigrantes, de acesso à Baixada Santista, o aumento foi de 1,94%.

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Para o médico infectologista Carlos Magno Fortaleza, ainda não é possível afirmar com certeza se a oscilação para cima nos casos de covid-19 na Baixada tem a ver com a lotação das praias. “É importante dizer que o platô com tendência de redução nos casos e óbitos que a gente vê no Estado como um todo é uma tendência geral que resulta de pequenas tendências. Em longo prazo haverá uma redução visível.”

Segundo ele, a tendência de redução da pandemia tem um equilíbrio instável, sujeito a grandes variações com possíveis aumentos de transmissão. “Esses aumentos podem estar associados a mais pessoas nas praias, mas também à abertura de bares e restaurantes e com um pouco menos de cuidados. Esses refluxos com aumentos foram vistos na Europa e nos Estados Unidos. Na Europa chegou quase a configurar como uma segunda onda. Por essa razão é que não dá para baixar a guarda. A possibilidade de, em caso de maior exposição, aumentar o número de casos, é real”, disse.

'É cedo', diz secretário

O secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, disse que, levando em conta o período médio de incubação e o aparecimento dos primeiros sintomas, é muito cedo para verificar qualquer alteração da pandemia correlacionada ao movimento das praias durante o feriado da Independência. “Ainda se compararmos a quantidade de casos e internações dos dias anteriores com os dias posteriores ao feriado, teremos números absolutamente estáveis na região”, disse. Segundo ele, o Estado continua orientando o respeito às regras de isolamento social, a utilização de máscaras e a política de não aglomeração, assim como a fiscalização e orientação das prefeituras locais.

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