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Após discrepância, governo corrige dados e confirma 525 mortes por covid em 24h

No domingo, o Ministério da Saúde primeiro informou que tinham ocorrido 1.382 óbitos e depois, que eram 525. O erro foi notado pela imprensa, que cobrou explicação, mas só recebeu um posicionamento mais de 15 horas depois

Foto do author Fabiana Cambricoli
Por Giovana Girardi e Fabiana Cambricoli
Atualização:

SÃO PAULO - Após um fim-de-semana de polêmicas sobre a divulgação dos dados de infectados e mortos no Brasil pela covid-19, que culminou com uma divulgação de números conflitantes na noite deste domingo, 7, o Ministério da Saúde divulgou nesta segunda-feira uma errata sobre os dados. De acordo com a pasta, com a correção de "duplicações" e atualização dos dados, o número de novos casos nas 24 horas entre sábado e domingo foi de 18.912 e foram registrados 525 óbitos novos. 

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"O total de casos no país é de 691.758 e de óbitos 36.455 ao longo da pandemia. O número de recuperados soma 283.952 pacientes e outros 371.351 estão em acompanhamento médico", informou a pasta em nota enviada às 13h10. O erro, porém, havia sido notado já na noite de domingo pelos veículos de imprensa, que pediram um posicionamento do governo, mas só receberam um posicionamento agora.

Às 20h37, as informações oficiais da pasta eram de 1.382 novos óbitos em 24 horas (um recorde para um domingo) e 12.581 novos casos de infectados, no mesmo período. Entretanto, às 21h50, a plataforma oficial trazia dados diferentes. O site já trazia os dados que o Ministério da Saúde diz agora serem os corretos, mas nenhuma explicação foi dada aos pedidos da reportagem.

Captura de tela divulgada pelo Ministério da Saúde na noite deste domingo, 7, às 20h37. Foto: Reprodução/ Ministério da Saúde
Captura de tela feita na plataforma (covid.saude.gov.br/) às 21h50 deste domingo, 7. Nele é possível ver que os números divulgados diferem das informações anteriores divulgadas pela pasta. Foto: Reprodução/ Ministério da Saúde

Uma comparação da informação inicial passada pelo governo com os dados originais repassados pelas secretarias estaduais de saúde revelava divergências gritantes em Estados como Roraima e Bahia. No primeiro havia uma diferença demais de 600 mortes e no segundo, eram mais de 200 mortes (1.092 contra 879 informados pelo Estado). 

Passadas mais de 15 horas da confusão, o ministério confirmou o erro. "Em especial, podem ser citadas a situação de Roraima, em que haviam sido publicados 762 óbitos e, após verificação do Ministério da Saúde, o número foi consolidado em 142. Outra situação corrigida foi em relação ao número de casos confirmados no Ceará, que passou de 62.303 para 64.271 após atualização."

A nota traz uma tabela que mostra que praticamente em todos os Estados havia erros no tabela original sobre o total de mortos. Alguns foram corrigidos para baixo e outros, para cima. O Acre, por exemplo, passou de 212 para 207 mortos. Alagoas foi de 592 para 601. Rio de Janeiro, de 6.749 para 6.707. São Paulo, de 9.080 para 9.145. No total, em vez de 37.312 mortes até o momento, o País registra oficialmente 36.455.

A pasta não informa, porém, a origem do erro nos seus informes. Os dados desde o princípio estavam diferentes dos repassados pelos Estados. "O Ministério da Saúde reforça que vem aprimorando os meios para a divulgação da situação nacional de enfrentamento à covid-19. Busca-se a elaboração e a disponibilização de dados epidemiológicos e estatísticos fidedignos, com base em números reais e transparentes e atualização periódica. Uma nova plataforma interativa será lançada nesta semana", disse somente.

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Governo é cobrado por falta de transparência

A discrepância nos dados ocorreu logo após o governo ter mudado a forma de divulgação dos dados sobre a epidemia de coronavírus no País e ter provocado polêmica ao indicar que poderia recontar os mortos. O empresário Carlos Wizard, que ia assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, afirmou no sábado, em entrevista ao jornal O Globo que o órgão iria recontar o número de vítimas do coronavírus porque os dados atuais seriam “fantasiosos ou manipulados”.

A declaração foi criticada por secretários estaduais, pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, por especialistas e até mesmo pela OMS, que cobrou nesta segunda-feira transparência do governo. Wizard acabou desistindo de assumir o cargo. E o ministério, que parou de trazer os dados consolidados de casos e mortes, agora anuncia uma plataforma interativa com os números. Material disponível até o momento, porém, é confuso e não ajuda a compreender a evolução da epidemia no País.

"É importante salientar que estas ações não foram paralisadas e que os dados sempre estiveram à disposição da população, mostrando o comprometimento deste Ministério com a transparência das informações", disse a pasta, ao informar sobre a nova plataforma. 

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