Após ônibus espaciais, EUA definem área de exploração em Marte

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Por IRENE KLOTZ
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A Nasa iniciou um novo capítulo na história da exploração espacial na sexta-feira, um dia depois do final da era dos ônibus espaciais, ao anunciar detalhes dos seus planos para determinar se Marte tem ou já teve ingredientes para abrigar vida. Os gestores da agência espacial norte-americana disseram que um laboratório de ciência robótica, que está em preparativos para ser lançado em 25 de novembro, pousará em agosto de 2012 perto de uma montanha que fica dentro de uma cratera de Marte, o planeta do Sistema Solar mais parecido com a Terra. A Nasa aposentou definitivamente na quinta-feira sua frota de ônibus espaciais, com o pouso da nave Atlantis no Centro Espacial Kennedy, após a 135a e última missão desse tipo de veículo em 30 anos. Muitos norte-americanos temem que a aposentadoria dos ônibus acabe levando os EUA a abdicarem do seu papel de liderança na exploração espacial, embora o governo diga que o objetivo é construir novos tipos de naves, capazes de levar astronautas para asteroides, para Marte e para outros destinos mais distantes. "Muita atenção foi dada ao fato que terminou ontem com o pouso do ônibus espacial, marcando realmente uma virada de página para um novo capítulo na exploração humana do espaço", disse Waleed Abdalati, cientista-chefe da Nasa. "As coisas mudam, as coisas evoluem, mas o que continua constante é a ânsia por explorar, por chegar além de onde estamos e entender nossos arredores e nosso lugar nele", afirmou Abdalati no Museu Nacional Aeroespacial, em Washington, onde foi anunciado o local previsto para o pouso do Laboratório de Ciências de Marte. O laboratório em Marte funcionará a bordo de um jipe movido a plutônio, apelidado de Curiosity. Duas vezes mais comprido e cinco vezes mais pesado do que os jipes anteriores que foram a Marte, o Curiosity leva dez instrumentos científicos, inclusive dois para análises químicas de rochas pulverizadas. Com isso, os cientistas esperam descobrir se o planeta vermelho tem ou já teve os compostos orgânicos necessários para a vida -- pelo menos a vida tal qual a conhecemos na Terra. Os cientistas passaram cinco anos cogitando 60 possíveis locais de pouso, antes de reduzirem a lista a quatro: a cratera de Eberwalde, o vale de Mawrth, a cratera de Holden e a cratera de Gale -- afinal a escolhida. Dentro dessa cratera existe uma montanha rochosa com 5.000 metros de altura, ou seja, quase o dobro da altura das rochas empilhadas no Grand Canyon. Análises de sondas na órbita de Marte mostram que a base da montanha na cratera de Gale inclui argilas e sais de enxofre. Entre os quatro finalistas, era o único local a possuir ambos os materiais. Geologicamente, segundo os cientistas, isso sugere uma transição entre um ambiente mais úmido e o atual cenário árido do planeta.

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