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Argentina produz vacina de Oxford, mas contrato impede venda de doses para o Brasil

Capacidade de produção da fábrica argentina é de 100 milhões de doses e deverá atender outros países da América Latina. AstraZeneca previa que importação chinesa, agora travada, atenderia o mercado brasileiro

Por Roberta Jansen
Atualização:

RIO - A Argentina tem uma fábrica capaz de produzir insumos da vacina da Universidade de Oxford e da farmacêutica AstraZeneca.  A decisão de trazer da Chinae não do país vizinho, os insumos para a produção de doses na Fiocruz foi da própria empresa britânica. Segundo explicações extraoficiais, os motivos foram a capacidade de produção de cada planta e a logística de transporte. A Fiocruz prevê entregar só em março as primeiras doses prontas produzidas inteiramente no Brasil, com base nos insumos trazidos da China. Mas, sob pressão, o  governo Jair Bolsonaro passou a apostar na importação de 2 milhões de unidades prontas da Índia para ter o produto, ainda que em quantidade limitada, mais rapidamente. A liberação dessas doses pelos indianos só ocorreu nessa quinta-feira, 21, após uma semana de atraso. 

Para a AstraZeneca, era mais fácil concentrar toda a demanda brasileira em uma única fábrica, na China, e a de todo o restante dos países da região na planta mais próxima, na Argentina. Foto: Rafiq Maqbool/AP

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Por causa do tamanho do Brasil e da alta demanda de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) necessária para abastecer o País inicialmente (100 milhões de doses), ficou acertado contratualmente que os principais ingredientes da vacina seriam produzidos na fábrica da China, cuja capacidade é muito maior do que a da Argentina. O contrato prevê também a transferência de tecnologia para que a Fiocruz passe a produzir em solo nacional todos os insumos a partir do segundo semestre deste ano.

A capacidade máxima de produção de IFA da fábrica da AstraZeneca da Argentina é de 100 milhões de doses. Este volume é capaz de abastecer somente o Brasil ou todos os demais países da América Latina. Para a AstraZeneca, era mais fácil concentrar toda a demanda brasileira em uma única fábrica, na China, e a de todo o restante dos países da região na planta mais próxima, na Argentina. Do ponto de vista logístico, era mais simples fazer isso do que o contrário.

Essa divisão em contratos diferentes impede que o Brasil se abasteça com os insumos para vacinas produzidos no país vizinho. O País depende da produção da China, com que o governo do presidente Jair Bolsonaro tem mantido relação tensa.

Princípio ativo já foi enviado da Argentina ao México

Chegou nesta quarta-feira, 20, ao México o princípio ativo para a produção da vacina de Oxford/AstraZeneca. O material foi enviado da Argentina, país com o qual os mexicanos tinham acertado essa transferência. O governo do México pretende imunizar 38,7 milhões de habitantes com esse imunizante. O uso dessa vacina já foi aprovado pela autoridade sanitária do país no início do ano.

"Chegou o princípio ativo da AstraZeneca conforme acertado pelos presidentes López Obrador e Alberto Fernández, leal parceiro da bandeira do México. Nossa gratidão aos laboratórios mAbxience em Buenos Aires. Obrigado ao laboratório Liomont e à Fundação Slim", escreveu o chanceler Marcelo Ebrard em sua conta no Twitter.

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