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Arqueólogos preservam restos do 1º assentamento colonial no Rio da Prata

Pesquisadores enviaram material descoberto para provoado próximo para evitar a deterioração

Por EFE
Atualização:

Dolores (Uruguai), 21 mar (EFE).- Os arqueólogos uruguaios que afirmam ter encontrado o primeiro assentamento colonial no Rio da Prata começaram a guardar e transferir para um lugar seguro vários restos mortais descobertos quase na superfície para evitar sua deterioração por fatores ambientais."Estamos em uma etapa de diagnóstico e prospecção, não estamos falando de escavação ainda, mas temos que dar uma solução para a conservação de alguns restos que a água e as condições climáticas estão deteriorando", disse à Agência Efe Alejo Cordero, à frente do grupo de especialistas.A preservação dos blocos de terra e ossos exigiu a elaboração de uma cápsula de gesso para transferi-los até a cidade de Dolores, povoado mais próximo, a mais de 250 quilômetros de Montevidéu.O lugar no qual o explorador italiano Sebastián Gaboto fixou supostamente o forte San Salvador em 1527, se encontra às margens do rio de mesmo nome, quase na altura da desembocadura no rio Uruguai e perto da confluência com o Paraná.Graças à sorte de uma mergulhadora, os arqueólogos descobriram em janeiro passado sob as águas do San Salvador os restos de uma embarcação do século XVI, entre eles munição de canhão, cravos e várias cerâmicas.Sabendo que na região era possível encontrar o forte San Salvador, exploraram a costa, onde encontraram o assentamento no qual Gaboto, a serviço da coroa espanhola, deixou durante dois anos duas embarcações e vários homens para percorrer o rio Paraná na busca da prata de Potosí.Desde 1529, quando o aventureiro italiano e seus homens retornaram à Espanha, até 1574 o forte permaneceu abandonado. Nesse ano, Juan Ortiz de Zárate fundou a Cidade Zaratina de San Salvador, que também teve uma vida curta.Até o momento, foram localizadas duas sepulturas, uma pré-hispânica e outra ainda indefinida, mas existem outras duas e os especialistas estão convencidos de que poderia chegar a "uma dezena", indicou Aparicio Arcaus, outro arqueólogo.Uma das sepulturas é primária, ou seja, se mantém como foi feita originalmente, e poderia corresponder a grupos indígenas que povoaram o lugar antes da chegada dos espanhóis porque contém objetos típicos.Segundo Cordero, da Comissão de Patrimônio Cultural da Nação, a zona "é um lugar de ocupação recorrente" desde, pelo menos, o ano mil de nossa era.A outra sepultura é do tipo secundária, pois o crânio está no centro e os ossos em volta. "O indivíduo, uma vez que morreu foi colocado de uma forma e seus restos removidos e enterrados novamente de outra", explicou Arcaus.Existem versões de que um capitão de Francisco de Pizarro, o conquistador do Peru, acabou seus dias em San Salvador após atravessar o continente, ressaltou Cordero, que admite não ter provas para comprovar a coincidência.Também não se pode assegurar que os restos sejam posteriores à chegada de Gaboto, mas o teste de carbono 14 esclarecerá as dúvidas.Por enquanto, no museu de Dolores será realizada uma "microescavação" dos blocos de terra e ossos para obter mais informação.Como a Agência Efe pôde constatar, a localização do lugar em um terreno ligeiramente elevado permite avistar a passagem de embarcações pelo Rio Uruguai, a cerca de 3 quilômetros de distância.A posição avantajada dava à expedição de Gaboto "o controle das vias de entrada ao continente", sustenta Arcaus, que justifica a ausência por enquanto de estruturas com as quais o assentamento foi construído."O fato de se chamar forte não significa grandes construções", eram precárias, de adobe, com tetos de palha e cercados por uma muralha de elementos orgânicos.

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