Atividade física pode reduzir em 60% os sintomas da asma

Estudo do HC feito com 101 adultos revela que exercícios também atenuam ansiedade e depressão

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - Estudos realizados pelo Serviço de Fisioterapia do Instituto Central do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, apontam que a atividade física reduz em até 60% os sintomas de asma, como tosse, chiado, falta de ar e aperto no peito. De 16 ocorrências por mês, os pacientes passaram a apresentar apenas seis.

 

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Os aspectos psicossociais, como ansiedade e depressão, características do asmático por natureza, também foram atenuados, comprovando a eficácia do método para a melhora da qualidade de vida e autoestima dos pacientes.

 

A asma é uma doença inflamatória da mucosa bronquial que impede a passagem do ar até os pulmões. O quadro é caracterizado por falta de ar acompanhado de tosse, chiado e aperto no peito. Normalmente, a doença é controlada com o uso de broncodilatadores, que expandem os brônquios e permitem a passagem do ar.

 

O estudo, o maior em termos populacional, avaliou 101 pacientes adultos, com idade entre 20 e 50 anos, em tratamento no Hospital das Clínicas, durante três anos.

 

Num primeiro momento, os indivíduos participaram do programa educacional. Os pesquisadores enfatizaram o controle dos fatores ambientais que desencadeiam as crises asmáticas, o uso correto da medicação durante o tratamento e a monitoração dos sinais e sintomas da asma.

 

Depois, os pacientes foram divididos em dois grupos. O primeiro passou por um tratamento fisioterápico, com a realização de exercícios respiratórios e treinamento aeróbico, além do acompanhamento clínico. As atividades físicas aconteceram duas vezes por semana, durante 30 minutos, por três meses. O outro grupo só recebeu exercícios respiratórios e acompanhamento clínico. Em ambos os casos, a medicação não foi alterada.

 

Os resultados surpreenderam os especialistas. Os pacientes submetidos a atividades físicas tiveram menos sintomas de asma e melhoraram a qualidade de vida, especialmente na época do inverno, quando se intensificam os problemas de saúde. O outro grupo não apresentou mudanças no quadro clínico.

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Segundo o fisioterapeuta Felipe Mendes, autor do trabalho, a atividade física, na maioria das vezes, é considerada uma vilã para pacientes asmáticos por ser um dos fatores desencadeantes mais comuns de crises. Por essa razão, os portadores de asma tendem a ser menos ativos e mais descondicionados que seus pares saudáveis. No entanto, quando o exercício físico é realizado corretamente, as complicações são minimizadas.

 

Em 2007, estudos do Hospital das Clínicas comprovaram a eficácia do método em crianças. Agora os pesquisadores querem compreender a influência do exercício aeróbio no processo inflamatório pulmonar.

 

Uma das hipóteses é que o exercício aeróbio reduz a resposta alérgica e aumenta a produção de mediadores anti-inflamatórios, como já verificado em estudos com animais, explica o orientador do estudo. Celso Carvalho.

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