Austrália venceu a covid-19 com a consciência, afirma estudante brasileira em Sydney

Paola Victorio conta que controle efetivo permitiu volta à rotina pré-pandemia, inclusive sem uso de máscara nos transportes públicos

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Por Pablo Pereira
4 min de leitura

Paola Victorio, Sydney, Austrália

Viagem, a única restrição

“Não temos mais muitos casos aqui, a vida está praticamente normal. Não temos mais nenhuma restrição no Estado de New South Wales, onde fica a cidade de Sydney. Aqui é tudo controlado pelo Estado. Cinemas abertos, shows, tudo aberto. A única restrição é das viagens. Não podemos sair da Austrália. Mas o comércio está funcionando, festas, tudo normal. A vida voltou 100% ao normal. As escolas voltaram antes mesmo de outras coisas. Na verdade, foi uma das primeiras coisas a serem normalizadas. O governo fez um plano muito legal e os serviços essenciais foram voltando. Mesmo no lockdown, as coisas foram voltando. E a gente tinha farmácia, postos de gasolina. Depois, quando os casos foram diminuindo, a situação ficou mais controlada, as escolas foram das primeiras que voltaram. Teve férias aqui, umas duas semanas atrás, é uma vida normal. Ninguém mais está com aula online.”

Estudante Paola Victorio, de 26 anos, mora em Sydney. Foto: Reprodução/TV Estadão

À espera da vacina

“Sobre a vacina, já fizeram a parte dos idosos, agora estão no pessoal da saúde, aeroportos. A previsão para a população inteira da Austrália é ser vacinada até setembro, incluindo imigrantes, estudantes, mesmo que não sejam cidadãos daqui. Isso é muito legal. Eles providenciaram um site com todas as informações. Você pode ir lá, demonstrar seu interesse pela vacina. E já consegue ver a data prevista para tomar a vacina. Hoje, com a minha idade, tenho 26 anos, a previsão é que eu tome a vacina no final de junho.” 

Rastreamento inteligente

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“Eu vivo em Sydney há um ano e meio. Cheguei seis meses antes da pandemia. Aqui, ficamos no processo de lockdown por três meses. Quando começou, o lockdown foi levado muito a sério. Foi realmente uma fase de muita restrição, de março até o comecinho de junho. Aí começou a abrir, com distância social. A vida normal, mesmo, voltou aqui há mais ou menos dois meses. Aí, já sem qualquer restrição, mesmo mesmo de distância social, sem máscara, nem no transporte público. A única coisa que a gente precisa fazer aqui, que eu acho excelente, é sempre que você vai a um restaurante, ou supermercado, você deve escanear um código, no celular, dar o seu nome e seu e-mail. Dessa forma, eles conseguem rastrear todos os locais nos quais você esteve. Se houver qualquer caso, eles conseguem entrar em contato com todas as pessoas que estiveram naquele local naquele dia. O controle é muito efetivo. E eles, então, colocam no jornal essas pessoas que estiveram nesse local.”

Mudança de planos

“Sobre as viagens, as internacionais estão proibidas. Você pode sair, mas não volta. As fronteiras estão fechadas. Eu tinha planos de passar o Natal com a minha família no Brasil, mas infelizmente não pude. Agora não tenho planos, não. Tenho minha vida aqui. Na verdade, pretendo até trazer a minha família para passar um tempo comigo. Mas ir ao Brasil, não. Eu gostaria de dizer ainda que tem de ter fé e força. Eu tenho acompanhado a situação no Brasil. Na verdade, tento até nem olhar, porque eu sei quanto está difícil a situação, minha família, meus amigos, estão aí. Mas acho que tem de ter fé e consciência. Eu vivo num local no qual com consciência se conseguiu vencer a doença. Então, eu acho que as pessoas têm de ter consciência, pensar em comunidade, pensar no outro. Foi assim que a Austrália venceu a covid.” 

Pessoas se exercitam em parque de Sydney, na Austrália. De acordo com a brasileira Paola Victorio, que mora na cidade, a vida voltou ao normal com o controle do coronavírus. Foto: Mark Baker/AP

Consciência da sociedade e do governo

“Eu acho também que é até complicado fazer essa análise porque a Austrália é um país rico e deu um suporte muito bom para as pessoas. E, no Brasil, vejo que as pessoas não respeitam as regras do distanciamento porque elas não têm opção. Aqui, existem opções. Se você não sair de casa, não vai morrer de fome. Mas no Brasil, infelizmente, isso não existe. Hoje a principal saída do Brasil seria um gerenciamento melhor do governo, dos recursos, da distribuição de renda e, claro, também ter consciência da população. Muita gente que não está respeitando não é porque não têm opção, mas porque não está nem aí. Então, um pouco mais de consciência e um governo um pouco melhor para a gente aí.  Aqui, eu trabalho de babá e em restaurantes e estudo. Isso é muito comum aqui. Vou começar em julho uma pós-graduação em “business analytics”.

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