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Autoridades investigam primeiro caso suspeito de Ebola no Brasil

Paciente de 47 anos veio de Conacre, capital da Guiné; ele foi transferido nesta madrugada para o Rio de Janeiro

Por Monica Reolom , Ligia Formenti e William Castanho
Atualização:

Atualizada às 06h46

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O paciente com suspeita de ebola vindo da Guiné, na África, foi transferido de Cascavel (PR) por volta das 5h desta sexta-feira ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro (RJ). O Instituto Informa que o paciente já desembarcou no aeroporto municipal Coronel Adalberto Mendes da Silva e aguarda transferência para o Hospital. 

A Secretaria Estadual do Paraná informou oficialmente ao Ministério da Saúde, nesta quinta, que investiga o primeiro caso suspeito de Ebola no País. O paciente veio de Conacri, capital da Guiné, e fez escala no Marrocos. O homem, de 47 anos, deu entrada às 16 horas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Brasília II, em Cascavel, onde foi isolado. Na madrugada desta sexta-feira, foi transferido para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro (RJ). O paciente natural da Guiné relatou que teve febre quarta e quinta-feira. Até o início da noite de quinta, estava subfebril e não apresentava hemorragia, vômito ou outros sintomas. Está em bom estado geral e era mantido em isolamento total. Por estar no 21.º dia, limite máximo para o período de incubação, foi considerado caso suspeito. Guiné é um dos três países que concentram o surto da doença na África - que já deixou 8.011 contaminados e 3.857 mortos. Inicialmente, suspeitava-se de gripe. O paciente chegou da Guiné no dia 19. Além de Ebola, os sintomas também se assemelham com os de malária e dengue. Equipes da Secretaria Estadual e do Ministério da Saúde foram encaminhadas para o local. A UPA também foi colocada em quarentena, assim como seus funcionários - o número de profissionais não foi divulgado.

Unidade de Pronto Atendimento em Cascavel, onde paciente foi internado com febre, teve de ser isolada Foto: CGN Cascavel

O diretor da 10.ª Regional de Saúde de Cascavel, o médico Miroslau Bailak, acompanhou o isolamento do doente. Segundo ele, o paciente não fala português, o que dificultou a interação com a equipe. “O médico que o atendeu perguntou a sua origem. Foi possível depreender que ele veio da Guiné e está no Brasil há 20 dias”, disse Bailak. A comunicação é feita em inglês, a identidade do paciente não foi divulgada e os protocolos de atendimento foram adotados.Sem pânico. A Secretaria Estadual da Saúde reforçou que não há motivo para pânico por se tratar de “uma suspeita”. “Essa é uma doença que só se transmite com contato com secreções, sangue. Não há mínima possibilidade de uma pessoa que esteve no mesmo ambiente, sem tocar no paciente, pegar Ebola. Reforço que a população de Cascavel está segura”, disse Sezifredo Paz, superintendente de Vigilância em Saúde do Paraná. Além disso, o governo destacou que o “índice de contaminação por Ebola” é baixo, em comparação com outras doenças infecciosas. Transmitida por um vírus, a doença é fatal em cerca de 65% dos casos. Especialistas destacam que o Ebola só é transmitido por meio do contato com o sangue, tecidos ou fluidos corporais de indivíduos doentes ou mortos, ou pelo contato com superfícies e objetos contaminados. E a doença apenas é transmitida depois que aparecem os sintomas. Apesar das declarações das autoridades, na noite desta quinta, o medo começava a se alastrar pela cidade. “Cascavel inteira está desesperada. A UPA está toda trancada. Ninguém entra, ninguém sai. Estamos muito preocupados”, afirmou a comerciante Fernanda Lúcia Baldi, de 36 anos. Segundo ela, há uma comunidade grande de imigrantes africanos e haitianos, que vivem em uma região vizinha da UPA. “Tem muitas empresas de abate de frango na cidade. Elas dão oportunidade de trabalho para essas pessoas que vêm tentar uma vida melhor aqui”, explica. “Hoje, eles representam 30% dos clientes da minha loja.” Baixo risco. Mais cedo, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, havia afirmado que, embora baixo, existia o risco de o Brasil registrar um caso da doença. “Em nenhum país o risco é zero.” Pela manhã, ele disse que o sistema de vigilância montado era adequado e instituições de saúde estavam em treinamento constante para identificar casos suspeitos e para adotar as medidas de segurança necessárias, caso isso ocorresse. Nigéria, Senegal, Estados Unidos e Espanha já apresentaram transmissões localizadas da doença. / COLABOROU JULIANA RAVELLI

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