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Bebê morre em parto de criança de 12 anos na Bahia; homem é investigado por estupro

Suspeito disse à polícia que vivia como marido da menina, com o consentimento do pai dela. Lei brasileira prevê que relação com crianças configura crime de estupro de vulnerável, punido com até 15 anos de prisão

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA – Uma menina de 12 anos grávida de seis meses foi levada em trabalho de parto prematuro, no último domingo, 7, para o Hospital Municipal de Prado, cidade de 28 mil habitantes, no sul da Bahia. O bebê não sobreviveu ao parto. O homem de 46 anos que acompanhava a criança declarou que convivia maritalmente com ela e é suspeito de ser o pai do bebê. A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar possível crime de estupro de vulnerável. O suspeito chegou a ser levado para o plantão da Polícia Civil, em Teixeira de Freitas, cidade polo regional, mas foi liberado.

A menina grávida foi atendida em trabalho de parto prematuro no Hospital Municipal de Prado, sul da Bahia Foto: Prefeitura de Prado

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Conforme o delegado titular de Prado, Kléber Gonçalves, em seu depoimento, o homem declarou que vivia como marido da menina, com o consentimento do pai dela. Pelas leis brasileiras, até os 13 anos, uma criança não tem discernimento para consentir com uma relação sexual e, quando isso ocorre, o homem pratica o crime de estupro de vulnerável, punido com até 15 anos de prisão. “O suposto autor foi ouvido pela colega do plantão e ela não encontrou base para expedir um auto de prisão em flagrante. Tomei conhecimento do caso na segunda-feira, 8, à tarde, e já pedi o expediente da polícia de Teixeira de Freitas.”

O delegado disse que sua primeira providência foi garantir assistência psicológica à vítima. “Além da situação do possível estupro, ela perdeu o bebê, então falei com a Secretaria de Assistência Social do município e ela já está com acompanhamento psicológico. Agora, vamos nos debruçar sobre o inquérito. Com a chegada dos autos de Teixeira de Freitas, vou analisar o depoimento do investigado. Se houver base para isso, representaremos de imediato pela prisão preventiva do suspeito.” 

O policial vai ouvir também os responsáveis pela criança. “Vamos verificar se é verdadeira a informação dada pelo suspeito de que o pai da menina consentiu em que ela convivesse com o homem muito mais velho. Não é possível ter uma filha de 11, 12 anos e entregar assim para viver maritalmente com um homem. Se houve conivência, o pai ou os pais serão enquadrados e também podem responder por abandono material. Sabemos que, quando há uma condição financeira muito baixa, o que não é raro nesta região, o pai com 3 ou 4 filhos acaba entregando para outra pessoa criar. Aqui, estamos lidando com um possível crime hediondo.” 

Ele mandou intimar o pai e a mãe da criança, mas pretende ouvir também a avó e outros parentes. Na delegacia de Teixeira de Freitas, a avó disse que a neta era assediada constantemente pelo suspeito com presentes.  A vítima e o suspeito também serão ouvidos. O depoimento da menina está marcado para quinta-feira, 11, mas vai depender das condições de saúde dela. O Conselho Tutelar de Prado informou que a menina teve alta do hospital, foi acolhida pela avó e já teve um primeiro contato com o serviço de acompanhamento psicológico.

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