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Bolsonaro promove autoteste de covid-19 após minimizar Ômicron e criticar vacinação infantil

Nas últimas semanas, Bolsonaro tem travado um embate com a Anvisa sobre a imunização de crianças - o presidente chegou a informar que não vacinará sua filha Laura, de 11 anos

Foto do author Iander Porcella
Por Iander Porcella (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - No momento em que os Estados e o Distrito Federal iniciam a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra o coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro promoveu em suas redes sociais o autoteste de covid-19, cuja liberação foi solicitada pelo Ministério da Saúde à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em meio à explosão de casos da doença por conta do espalhamento da variante Ômicron, o País também tem registrado um aumento na busca por testagem em farmácias e laboratórios. O chefe do Executivo, contudo, tem minimizado a nova cepa e criticado a imunização infantil.

"Encaminhado à Anvisa informações do autoteste de antígeno para detecção do Covid-19. O uso do autoteste pode garantir o início mais rápido das ações para interromper a cadeia de transmissão", escreveu Bolsonaro no Twitter. "O objetivo é que os testes sejam disponibilizados em redes de farmácias/drogarias e outros estabelecimentos de saúde para pessoas com ou sem sintomas que tenham interesse em realizar a autotestagem", acrescentou.

O presidente Jair Bolsonaro promoveu em suas redes sociais o autoteste de covid-19 Foto: Gabriela Bilo/Estadão - 12/8/2021

Na segunda-feira, 10, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, disse com exclusividade ao Broadcast/Estadão que a pasta enviaria à agência uma nota técnica sobre o assunto solicitando a avaliação da agência. De acordo com ele, o Ministério entendeu que o autoteste para diagnóstico de covid-19 pode ser uma "importante ferramenta de apoio" na contenção do vírus. Por determinação da Anvisa, no Brasil não é permitida a venda de exames de antígeno para serem feitos em casa, ao contrário de outros países. Apenas as farmácias realizam os procedimentos.

Embalagem deautoteste de covid-19 comercializado naAlemanha Foto: Renata Moreira

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Vacinação.

Apesar de ter feito diversas críticas à imunização infantil contra a covid-19, Bolsonaro ressaltou hoje no Twitter que o Governo Federal já distribuiu mais de 381 milhões de vacinas desde o começo da pandemia. Neste fim de semana, diversas unidades da Federação começaram a vacinar crianças de 5 a 11 anos. A campanha no Distrito Federal, por exemplo, iniciou neste domingo, 16. Estados como Rio de Janeiro, Santa Catarina, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe começaram o processo neste sábado, 15. O Governo de São Paulo, por sua vez, fez uma cerimônia nesta sexta-feira, 14, para vacinar a primeira criança no País: o menino indígena Davi, de 8 anos, da etnia Xavante.

Nas últimas semanas, Bolsonaro tem travado um embate com a Anvisa sobre a imunização de crianças - o presidente chegou a informar que não vacinará sua filha Laura, de 11 anos. Durante um evento no Palácio do Planalto na quarta-feira, 12, o chefe do Executivo tentou minimizar o atrito com a agência. Depois de ter rebatido uma carta do diretor-presidente do órgão regulador, Antonio Barra Torres, disse que não "brigou" com o contra-almirante.

Na segunda-feira, 10, dois dias após ser cobrado publicamente para que se retratasse dos ataques à Anvisa, Bolsonaro havia dito ter ficado surpreso com o que chamou de "carta agressiva" de Barra Torres. O presidente afirmou não ter acusado o chefe da agência de corrupção e mudou o tom das insinuações, mas voltou a levantar dúvidas sobre as "intenções" da agência ao recomendar a vacinação infantil.

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"Me surpreendi com a carta dele. Carta agressiva, não tinha motivo para aquilo”, disse Bolsonaro, em entrevista à Rádio Jovem Pan. No sábado passado, 8, Barra Torres havia cobrado uma retratação pública de Bolsonaro, dois dias após o presidente questionar os "interesses" de integrantes da Anvisa, ao reclamar do aval à vacinação de crianças.

Ômicron.

Recentemente, Bolsonaro também voltou a minimizar a pandemia. Na quarta-feira, 12, durante uma entrevista, chegou a sugerir que a Ômicron é "bem-vinda" e pode sinalizar o fim da pandemia. Dados apontam que a nova cepa do coronavírus tem causado menos mortes do que em outras ondas da crise sanitária, diante do cenário de vacinação mais alta, mas a OMS alertou que ainda é cedo para tratar a covid como uma doença endêmica.

Na sexta-feira, 14, Bolsonaro causou aglomeração em Macapá (AP), onde participou do lançamento de um cabo de fibra óptica submerso em rios, por meio do Programa Norte Conectado, que tem o objetivo de expandir a infraestrutura de comunicações na região amazônica.

"Mostrei, como um general em combate, [como] eu deveria me comportar no momento difícil da pandemia. Lamentamos as 600 mil mortes, mas nós temos que viver, nós temos que sobreviver e temos que vencer", disse o presidente durante o evento.