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Bolsonaro volta a defender queda da obrigatoriedade de máscaras contra a covid-19

Presidente citou estudo encomendado ao ministro Marcelo Queiroga para desobrigar uso da proteção para pessoas vacinadas ou anteriormnente infectadas. Especialistas destacam importância da máscara mesmo para esses públicos

Por Gustavo Côrtes e Pedro Caramuru
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender medidas que facilitam a transmissão do novo coronavírus entre as pessoas. Segundo o presidente, “negacionistas” são as pessoas que se opõem a desobrigar o uso de máscaras, uma vez que supostamente não acreditariam na vacina. Especialistas apontam que o uso da proteção continua sendo indicado diante da baixa cobertura vacinal atualmente registrada no País.

No Brasil, pouco mais de 10% da população completou o calendário vacinal contra a covid-19. Segundo dados do consórcio de imprensa que compila dados do novo coronavírus no País foram 24,1 milhões de pessoas que receberam duas doses de vacinas, cerca de 11,4% do total.

Mais cedo, o presidente havia reforçado críticas à legislação do Estado de São Paulo, que obriga o uso de máscaras em locais públicos e no transporte Foto: GABRIELA BILO / ESTADAO

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“Igual a questão da vacina, eu estou dando o exemplo: depois que a última pessoa se vacinar, eu me vacino. Enquanto isso, continuo tranquilo na minha. Inclusive, encomendei estudo para o ministro Queiroga (Marcelo Queiroga, ministro da Saúde) para desobrigar usar máscara quem porventura tenha sido infectado ou vacinado”, afirmou. “Quem está contra é ‘negacionista’ porque não acredita na vacina”, argumentou.

O termo, ao contrário de como usou Bolsonaro, é usado para se referir às pessoas que negam ou minimizam as sequelas e mortes causadas pelo novo coronavírus. A fala de apoio a medidas que podem facilitar a transmissão da covid-19 acontece na semana em que o País se aproxima da marca de meio milhão de vítimas da doença. Até esta quinta-feira, 17, foram registradas 496 mil vítimas da doença, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Mais cedo, o presidente havia reforçado críticas à legislação do Estado de São Paulo, que obriga o uso de máscaras em locais públicos e no transporte, inclusive particular. Segundo argumentou Bolsonaro, o uso de máscara por motoristas poderia causar acidentes. “Tem algum médico aqui? O CO² (gás carbônico) não leva ao sono? Você que é veterinário”, disse apontando fora da câmera.

“O cara está com a máscara no carro fechado respirando ali. Quer dizer, vai ter uma oxigenação menor. Não precisa ser médico para dizer isso: vai levar a acidentes”, defendeu, desconsiderando o fato de que o uso de máscaras não leva a queda de oxigenação. No último sábado, 12, Bolsonaro foi multado em R$ 552,71 pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo por causar aglomerações e discursar sem máscara em cima de um carro de som. Além do presidente, outras nove autoridades e integrantes do governo também foram autuados: os ministros de Meio Ambiente, Ricardo Salles; de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes; de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, bem como os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Carla Zambelli (PSL-SP), Cezinha de Madureira (PSD-SP), Coronel Tadeu (PSL-SP) e Hélio Lopes (PSL-SP), além do deputado estadual Gil Diniz (sem partido).

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