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Brasil padroniza método de diagnóstico de câncer de mama com outros 4 países

Argentina, Chile, México e Uruguai integram parceria; doença mata 40 mil por ano na América Latina

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Por Redação
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RIO DE JANEIRO - Brasil, Argentina, Chile, México e Uruguai concordaram em padronizar e modernizar seus métodos de diagnóstico do câncer de mama e estudar o perfil genético das mulheres para melhorar o tratamento da doença, que acomete mais de 117 mil pessoas e mata cerca de 40 mil por ano na América Latina e no Caribe. Na etapa seguinte do projeto, serão recrutadas de 2,5 mil a 3 mil pacientes durante três anos. Depois disso, elas passarão por um acompanhamento ao longo de dois anos. "Com esse estudo, queremos traçar o perfil molecular das latino-americanas e harmonizar procedimentos para aumentar a capacidade dos cinco países de gerar informações clínicas", explicou nesta sexta-feira, 12, o diretor do Escritório para o Desenvolvimento de Programas na América Latina do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (NCI), Jorge Gómez, que coordenou o projeto. Para avançar nessa proposta, financiada pelo NCI com US$ 2,5 milhões anuais, cerca de 150 médicos, epidemiologistas, patologistas, pesquisadores e coordenadores dos cinco países latino-americanos se reuniram no Rio de Janeiro com o aval de seus ministérios da Saúde e o impulso do instituto americano. "Concluímos os protocolos e compartilhamos procedimentos. Portanto, já estamos preparados para começar a trabalhar com entusiasmo. Sabemos que, em última instância, isso significará melhorar infraestrutura hospitalar e de tratamento", afirmou Pilar Carvallo, da Universidade Católica do Chile e coordenadora do país no projeto. A longo prazo, segundo Pilar, "também poderemos analisar perfis moleculares das mulheres em cada país e ver como respondem aos tratamentos para reduzir o tamanho do tumor. Assim, algum dia os oncologistas poderão refinar os tratamentos". De acordo com Gómez, há cinco subtipos de câncer de mama. "Para cada um, deve-se aplicar um tratamento específico. Por isso, obter um diagnóstico certo é fundamental. Com esse projeto, serão utilizados os reagentes mais modernos", revelou. Nesse sentido, o cientista do NCI James Robb explicou que erros em diagnósticos são mais frequentes do que se acredita. Segundo ele, nunca se pode defini-lo com segurança absoluta. "A medicina é assim. Os cientistas fazem o que podem, mas sempre há uma margem de erro, por milhares de razões, inclusive a dificuldade de analisar exames em um período de tempo suficientemente pequeno para evitar alterações", apontou Robb em reunião com jornalistas. A isso se soma, segundo Gómez, o fato de que, "nos diversos hospitais desses países latino-americanos, usam-se diferentes técnicas e reagentes, motivo pelo qual os resultados de diagnósticos variam". "Com essa parceria, os 25 hospitais envolvidos se comprometem a padronizar procedimentos para, depois, compará-los e oferecer aos governos dados obtidos pelos médicos sobre os pacientes, para que sejam usados na elaboração de políticas de saúde", ressaltou. O câncer de mama é o de maior incidência nas mulheres da maioria dos países latino-americanos, inclusive os envolvidos - exceto o Chile, onde a doença é a segunda mais prevalente. O país concentra a tecnologia mais avançada da região. No México, o câncer de mama é um "problema prioritário e crescente", com cerca de 10 mil casos novos por ano e uma previsão de 17 mil até 2020. Esse percentual elevado atinge muitas mulheres jovens, destacou Adrián Daneri, do Centro Universitário de Ciências da Saúde da Universidade de Guadalajara e um dos coordenadores do país no projeto. "Por isso, interessa-nos conhecer o perfil molecular das mulheres e o comportamento biológico dos tumores para favorecer a busca de fatores que ajudem a prever a resposta ao tratamento e aspectos genéticos que sejam importantes", disse Daneri. "A doença é curável, especialmente quando detectado em uma etapa inicial. Mas, na América Latina, costuma-se diagnosticar em estágios mais avançados, à exceção do Uruguai, que tem um plano nacional para diagnóstico antecipado", apontou Gómez.

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