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Brasil precisa de ação coordenada contra covid para evitar colapso na saúde, alerta OMS

Diretor-geral da organização, Tedros Adhanom também reforçou pedido para que países mais desenvolvidos compartilhem mais doses de vacinas com as nações mais pobres

Por Gabriel Caldeira
Atualização:

O diretor executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan, mostrou preocupação quanto à "forte pressão" sobre o sistema de saúde do Brasil. Segundo ele, para que o País consiga reverter seu pior momento da pandemia de coronavírus, é necessário que o Ministério da Saúde, sob o comando do futuro ministro Marcelo Queiroga, articule o combate à crise com os governos estaduais.

Vice-diretora da Organização, Mariângela Simão concordou com o argumento de Ryan, citando o atual perfil "mais homogêneo" da crise sanitária no Brasil, com todas as regiões do País registrando alta no número de casos, mortes e hospitalizações por covid-19.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma entrevista coletiva em Genebra Foto: Fabrice Coffrini/Pool via Reuters

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Ainda que a ritmo menor em comparação com o Brasil, a Europa também enfrenta uma nova onda de infecções. Segundo a diretora técnica da resposta da OMS à pandemia, Maria Van Kerkhove, o continente registrou alta de 12% nos casos de coronavírus na última semana, em grande parte por conta da variante B.117, identificada pela primeira vez no Reino Unido e que apresenta maior potencial infeccioso.

Distribuição de vacinas

Van Kerkhove apontou para a pressão pela reabertura da economia em alguns países e a distribuição desigual de vacinas contra a covid-19 como fatores que explicam a alta nos casos. Ryan também destacou que a maioria dos países europeus não está rastreando o suficiente possíveis focos de contágio, o que dificulta a contenção do vírus. Já o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, reforçou o pedido da entidade multilateral aos países mais desenvolvidos do mundo para que eles compartilhem mais doses com as nações mais pobres.

Segundo Tedros, vacinar todos os cidadãos enquanto a maior parte da população mundial continua sem os imunizantes dá uma "sensação falsa de segurança", uma vez que a contínua transmissão do vírus provoca o surgimento de mais variantes, que podem ser imunes às vacinas atualmente em uso.

O diretor-geral da OMS instou os países que se comprometeram a compartilhar os imunizantes a "transformar suas promessas em ação". Tedros classificou como "sufocante" o pouco progresso feito em direção a uma distribuição mais igualitária das vacinas. "Se não for por solidariedade, peço que países ricos compartilhem as doses pelo seu próprio interesse", disse Tedros, que completou ao afirmar que as nações mais desenvolvidas do mundo vacinam suas populações ao custo das vidas de idosos e profissionais da saúde de regiões de menor renda.

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Consultor sênior da OMS, Bruce Aylward afirmou que a vacinação em países mais pobres tem sido lenta também por causa da baixa oferta de fabricantes à iniciativa Covax. Segundo ele, os institutos indiano e sul-coreano que fabricam a vacina da Universidade de Oxford/AstraZeneca estão com dificuldades para entregar as doses no ritmo esperado pela OMS.

Diante deste cenário, a cientista chefe da Organização, Sumya Swaminathan, ressaltou a importância de países com os maiores estoques de vacinas compartilharem doses por meio da Covax.

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