PUBLICIDADE

Brasil vê casos de covid-19 em alta e tem média de 65 mil novos testes positivos por dia

País registra 2.136 mortes por coronavírus nas últimas 24 horas e média de óbitos fica em 1.963

Por Paulo Favero
Atualização:

Especialistas já vinham alertando que o pico da pandemia de covid-19 ainda não tinha passado no Brasil, mas em muitos lugares optou-se pela flexibilização das regras de isolamento social. A queda na média móvel no número de óbitos parecia mostrar que o pior já tinha passado, mas nesta semana os números voltaram a subir, principalmente em número de casos, e reacendeu o debate sobre a necessidade de impor novas restrições à população.

Nesta sexta-feira, 21, o Brasil registrou 2.136 novas mortes pela covid-19. A média semanal de vítimas, que elimina distorções entre dias úteis e fim de semana, ficou em 1.963, com uma pequena queda em relação ao dia anterior, quando marcou 1.971. Mas a subida nos números na última semana está gerando apreensão.

Coronavírus no Brasil Foto: Arte sobre foto de Alissa Eckert, MS; Dan Higgins, MAM/CDC/via REUTERS

PUBLICIDADE

A média móvel de óbitos estava em 1.910 no sábado, mas durante a semana foi subindo e voltou a se aproximar da marca de 2 mil mortes. Já a média móvel de casos, na mesma data, estava em 62.855, mas desde então cresceu até chegar a 64.978 nesta sexta-feira. Ainda não dá para saber se isso é reflexo da flexibilização das medidas restritivas em muitos lugares ou por causa de recentes aglomerações pelo feriado do Dia do Trabalho ou pelo Dia das Mães.

Um dado que deixa o alerta ligado é que a taxa de ocupação dos leitos de UTI para covid-19 cresceu 7,5% desde o final de abril na rede hospitalar privada do Estado de São Paulo. Pesquisa do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios (SindHosp), realizada entre 11 e 17 de maio, mostrou que 85% dos hospitais já têm ocupação superior a 80%.

Para Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o relaxamento nas regras foi precoce. "Na verdade não era para ter desligado o alerta, pois essa situação já era esperada. Especialistas já previam isso e nos meses de junho e julho podemos chegar ao pico de 4 a 5 mil mortes diárias", diz. "Não saímos da primeira ou da segunda onda."

A médica lamenta essa dinâmica de reabertura logo que os números começam a diminuir um pouco. "Nunca fizemos um lockdown para valer, que é o que teria funcionado junto com uma vacinação em massa. É preferível fechar para valer por um período curto, e depois reabrir, do que ficar desse jeito. Isso só desgasta ainda mais as pessoas. E o percentual da população vacinada no Brasil é baixo, não reduz taxa de transmissão", explica.

Ela cita os exemplos do Reino Unido, Nova Zelândia e Israel, que fecharam tudo e aceleraram a vacinação. E agora já podem viver com muito mais "normalidade" do que antes. "Os marcadores para dar as diretrizes de lockdown ou abertura estão errados. Precisa levar em conta um número inferior a 20 casos para cada 100 mil habitantes durante duas semanas e os testes de PCR positivo em menos de 5% das amostras testadas."

Publicidade

Nesta sexta-feira, o número de novas infecções notificadas foi de 77.598. No total, o Brasil tem 446.527 mortos e 15.976.156 casos da doença, a segunda nação com mais registros de óbitos, atrás apenas dos Estados Unidos. Os dados diários do Brasil são do consórcio de veículos de imprensa formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL em parceria com 27 secretarias estaduais de Saúde, em balanço divulgado às 20h. Segundo os números do governo, 14.422.209 pessoas estão recuperadas.

O Estado de São Paulo registrou nesta sexta-feira um número alto de mortes por coronavírus, totalizando 580. Outros quatro Estados também superaram a barreira de 100 óbitos no dia: Minas Gerais (327), Rio de Janeiro (214), Paraná (172) e Rio Grande do Sul (119).

O balanço de óbitos e casos é resultado da parceria entre os seis meios de comunicação que passaram a trabalhar, desde o dia 8 de junho, de forma colaborativa para reunir as informações necessárias nos 26 Estados e no Distrito Federal. A iniciativa inédita é uma resposta à decisão do governo Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia, mas foi mantida após os registros governamentais continuarem a ser divulgados.

Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde informou que foram registrados 76.855 novos casos e mais 2.215 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas. No total, segundo a pasta, são 15.970.949 pessoas infectadas e 446.309 óbitos. Os números são diferentes do compilado pelo consórcio de veículos de imprensa principalmente por causa do horário de coleta dos dados.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.