Brasileiro com coronavírus se reuniu com 30 familiares; média de infecção é de mais três pessoas

Todos os familiares estão sob monitoramento da vigilância sanitária. Empresário de 61 anos viajou para a Europa sozinho e a negócios. Ele desembarcou em Cumbica na sexta-feira, 21

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Por Mateus Vargas, Daniel Weterman e Isabela Palhares
4 min de leitura

BRASÍLIA E SÃO PAULO - O brasileiro de 61 anos infectado pelo novo coronavírus, primeiro caso confirmado da doença no Brasil, reuniu-se em uma confraternização com cerca de 30 parentes no domingo de carnaval, dia 23, um dia antes de procurar um hospital apresentando sintomas da doença. Todos os familiares estão sob monitoramento da vigilância sanitária. Segundo o Ministério da Saúde, apesar destes contatos, cada infectado, em média, transmite a doença para outras duas ou três pessoas. 

Ministro da Saúde concedeu informações à imprensa nesta quarta Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADAO

"Não vamos imaginar que teremos 80 novos portadores do vírus porque alguém teve contato com 80 pessoas", disse nesta quarta-feira, 25, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo. "Significa que o contato precisa ser um mais próximo para que haja infecção", reforçou o secretário. De acordo com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), serão contatados também 16 passageiros que estavam nas duas fileiras da frente ou ao lado do brasileiro infectado. 

O governo informou que o paciente brasileiro de novo coronavírus não usou transporte público enquanto esteve no Brasil, o que poderia ampliar as possibilidades de infecção. Apesar de ser considerado um caso que exige "alta vigilância", a esposa deste homem não apresenta sintomas da doença, disse Mandetta. "É um caso que a gente monitora (o da esposa). Só passa a ser suspeita se tem quadro febril", afirmou o ministro.

O paciente brasileiro está em isolamento domiciliar junto com a família. Ele deve voltar para a "vida normal" assim que deixar de apresentar os sintomas, disse o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira.

Os cerca de 30 familiares que tiveram contato com o empresário de 61 anos diagnosticado com o coronavirus ainda não apresentaram nenhum sintoma da doença, segundo a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. "É uma situação muito dinâmica e esse quadro pode mudar. Mas o que podemos afirmar é que, até esse momento, nenhum deles apresentou sintomas" , disse Alberto Kanamura, secretário-executivo da pasta. 

O empresário está em isolamento na própria casa, que fica na zona sul da capital (o bairro não foi informado), acompanhado apenas da esposa. Eles estão em ambientes separados. Segundo Kanamura, a mulher do paciente não apresentou sintomas até o momento.  "O quadro dele está evoluindo muito bem", disse Kanamura. O empresário terá que ficar em isolamento enquanto apresentar os sintomas da doença, o que pode variar.

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Além dos familiares do paciente, outras oito pessoas são monitoradas por terem tido contato com ele durante o vôo de Paris a São Paulo. Quatro delas são da cidade de São Paulo, uma de Campinas, uma de Jundiaí e quatro de Porto Alegre. Elas estavam nas poltronas mais próximas ao empresário. 

Paris, Turim, Verona e São Paulo: o caminho do 1º brasileiro com coronavírus

Empresário, de 61 anos, o primeiro brasileiro a contrair o novo coronavírus viajou para a Europa sozinho e a negócios, em voos de ida e volta pela Air France. Ele saiu de São Paulo em 9 de fevereiro, com conexão em Paris, com destino a Turim, no norte da Itália. Da cidade italiana, também viajou para Verona, antes de repetir o trajeto de volta. Em Turim, chegou a ter a temperatura escaneada no aeroporto. 

Assintomático e sem utilizar máscara durante toda a viagem, embarcou no Aeroporto Charles Charles de Gaulle, em Paris, no dia 20 de fevereiro, e desembarcou no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na sexta-feira, 21 de fevereiro. 

Na data em que retornou ao Brasil, chegou a passar no escritório de trabalho e foi para casa, na região sul da capital paulista. Ele ficou em casa no sábado. No domingo, almoçou com cerca de 30 pessoas, majoritariamente familiares, na casa de um dos filhos. Entre os parentes, dois adultos e uma criança são moradores de Vinhedo e estão em monitoramento e permanecem em isolamento domiciliar, segundo a prefeitura da cidade. Após o almoço, apenas uma neta do paciente apresentou algum possível sintoma de virose, uma tosse, a qual também está em acompanhamento. 

Na noite de domingo, 23, o idoso teve febre, tosse, dor de garganta e hiperemia (aumento do volume sangüíneo localizado num órgão ou parte dele, com conseqüente dilatação vascular, por alteração no sistema pressão arterial). Ele procurou atendimento médico na unidade do Hospital Albert Einstein do Morumbi, na zona sul, na segunda-feira, 24, em que foi fez exames e foi recomendado a permanecer em quarentena domiciliar de 14 dias.

Atualmente, o paciente não apresenta mais sintomas da virose e está bem, mas continua utilizando máscara. Ele passa a maior parte do tempo no quarto e para não tem contato com a esposa (que está assintomática). Ele não chegou a ter contato com o filho de 16 anos, que retornou do litoral nesta semana.

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A orientação é que empresário não compartilhe talheres com os demais moradores, além de ter as roupas lavadas e o lixo descartado separadamente. 

As demais pessoas que tiveram contato com o empresário não precisam permanecer em quarentena e podem sair de casa. Relatos da equipe de saúde que mantém contato com o paciente apontam que toda a família é bastante colaborativa e costuma tirar diversas dúvidas sobre procedimentos do dia a dia por meio de mensagens de celular. /COLABOROU ​PRISCILA MENGUE

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