RIO - A pandemia de covid-19 segue rejuvenescendo seu perfil de infectados e vítimas no Brasil, segundo último Boletim do Observatório Fiocruz, divulgado nesta sexta-feira, 23. A faixa entre 40 e 49 anos teve o maior aumento de casos – a média semanal saltou de 400 na no início de janeiro para 5.095 no começo de abril – alta de 1.173, 75%. No mesmo período, o crescimento da média semanal de diagnósticos em todas as faixas etárias foi de 4.199 para 31.190 – 642% maior. A comparação é entre a primeira semana epidemiológica deste ano (3 a 9 de janeiro) com a 14ª semana (4 a 10 de abril). O retorno ao trabalho e recreação inconsequenteseriam algumas das causas apontadas para explicar o fenômeno.
Na faixa de 20 a 29 anos, o crescimento da média de casos foi 127 a 1.074 (745,67%); no grupo de 30 a 39, saltou de 258 a 3.105 (1.103,49%). Nos grupos entre 50 a 59, o incremento foi de 543 a 6.422 (1.082,69%) e já entre os idosos houve aumento de 850 a 7205 (747,65%).
No caso das mortes, o aumento global no mesmo período foi de 1.598 para 8.461 (429,47% ). As mesmas faixas etárias tiveram aumento diferenciado: 20 a 29 anos (1.081,82%, de 11 a 130 óbitos), 30 a 39 (818,60%, de 43 para 395 mortes), 40 a 49 (933,33%, 84 a 868), 50 a 59 (845,21%, 146 a 1.380) e 60 a 69 anos (571,52%, 330 a 2216).
“É um aumento bem explosivo, tanto no total de casos quanto no total de óbitos”, diz o pesquisador Raphael Guimarães, membro do observatório. “Outra questão é que é um aumento diferenciado de acordo com a faixa etária. Um aumento em uma faixaem torno de 1.000% égrande e muito diferente do global. Significa que em alguma outra faixa está aumentando menos, para que nesta o aumento seja tão expressivo”, continua.
O perfil etário do paciente de covid internado em UTIs confirma essa tendência. Na primeira semana epidemiológica do ano, a proporção de pacientes com menos de 70 anos internados era de 52,74%. Já na 14ª semana, o porcentual subiu para 72,11%. Os números confirmam que a ocupação das UTIs por pessoas mais jovens vem aumentando.