
28 de outubro de 2020 | 14h39
Atualizado 28 de outubro de 2020 | 19h08
O diretor do Instituto Butantã, Dimas Covas, declarou nesta quarta-feira, 28, que a demora na liberação para importação de insumos pode impactar a produção nacional da Coronavac, vacina em fase de testes desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Butantã. Segundo ele, a solicitação aguarda aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há mais de um mês, desde 23 de setembro.
O SUS será privatizado? Entenda decreto de Bolsonaro que libera estudos sobre parcerias em UBS
"Desde quando nós iniciamos todo esse processo da vacina, obviamente que cada dia conta. E a nossa previsão era para iniciar a produção da vacina na segunda quinzena de outubro”, destacou Covas em coletiva de imprensa sobre medidas estaduais no combate à pandemia da covid-19, realizada no Palácio dos Bandeirantes.
"Esse atraso na emissão dessa autorização pode ter, sim, efeito na produção da vacina. Cada dia que nós aguardamos essa autorização significa um dia a menos de vacina”, completou.
Segundo ele, a solicitação entrou na terça-feira, 27, no circuito deliberativo da agência e o resultado deve sair até 5 de novembro. “Esperamos que essa decisão seja tomada o mais rapidamente possível pela Anvisa, que diversas vezes manifestou a sua independência e o seu apoio ao desenvolvimento de vacinas”, comentou. “O Butantã está pronto para começar a produzir.”
Dimas Covas ainda informou que o Butantã também aguarda autorização das autoridades chinesas para exportar, nos próximos dias, as 6 milhões de doses já prontas da Coronavac, que serão acondicionadas até a comprovação da eficácia e o início da vacinação.
Também na coletiva, o governador João Doria (PSDB) voltou a declarar que defende uma campanha nacional de imunização, mas disse que, se isso não ocorrer, o Butantã pode disponibilizar o imunizante a outros Estados que tiverem interesse. Além disso, afirmou que São Paulo poderá bancar as demais doses para atingir o número de 100 milhões, mesmo sem verba do Ministério da Saúde.
"Infelizmente, se houver uma negativa por ações de ordem política ou ideológica, São Paulo, mediante a aprovação da Anvisa, comprará a vacina, distribuirá a vacina e disponibilizará para todos os governos estaduais que desejarem adquirir a Coronavac para a imunização da sua população", disse.
Ele também fez críticas a posições de aliados do presidente Jair Bolsonaro em relação à vacinação. “Acreditamos que a birra política não pode vencer o bom senso e a insensatez não pode vencer a esperança”, declarou.
Procurada pelo Estadão, a Anvisa informou, às 17h27, que autorizou, nesta quarta-feira, a importação dos insumos para a produção das 40 milhões de doses da Coronavac.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.