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Butantã diz que está perto de anunciar testes da Coronavac com idosos, crianças e grávidas

Vacina produzida por laboratório chinês e o Butantã chegou a ter ensaios clínicos suspensos esta semana; cientistas não preveem mudança no cronograma

Por Felipe Resk
Atualização:

SÃO PAULO - Presidente do Instituto Butantã, Dimas Covas declarou nesta quinta-feira, 12, que a suspensão da pesquisa nesta semana, imposta pela Anvisa após um dos voluntários cometer suicídio, não deve prejudicar o cronograma da Coronavac. Segundo afirma, o estudo também está “muito próximo” de anunciar a fase de testes em idosos, crianças, gestantes e puérperas.

A expectativa é que o instituto anuncie testes em grupos que podem ter resposta vacinal diferente da maior da população: idosos, crianças, gestantes e puérperas. Foto: Andreas Gebert/Reuters

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A vacina contra covid-19 é desenvolvida em parceria da instituição paulista com a farmacêutica chinesa Sinovac e considerada uma das mais promissoras pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em fase três de ensaios clínico,a mais avançada no desenvolvimento desse tipo de produto, o estudo acabou suspenso pela Anvisa na noite de segunda-feira, 9, e só autorizado a retomar na quarta, 11.

O motivo alegado pela agência era um “evento adverso grave”. O episódio, na verdade, se tratava de suicídio de um dos voluntários. A medida revoltou a gestão João Doria (PSDB), servindo para aumentar o atrito com o presidente Jair Bolsonaro, que comemorou a interrupção da pesquisa. 

Nesta quinta, Covas tratou de esfriar a discussão, elogiou a “celeridade” da agência em avaliar o caso e disse que as partes precisam “estreitar a comunicação”. “Dois dias não vão interferir no andamento da vacinação. É importante que a Anvisa ateste a segurança da vacina e ela deu celeridade a esse processo. O estudo poderia estar paralisado até agora”, afirmou. 

O presidente do Butantã relatou ter participado de uma reunião técnica, com mais de duas horas de duração, na noite de terça, para tratar do evento que motivou a suspensão. “O relacionamento, apesar desse episódio, foi mantido em bom nível”, disse. “Não houve nenhum estremecimento.” 

“Entendemos que a Anvisa é uma agência de Estado, não de governo. Na sua constituição está previsto independência e contratação de técnicos com relativa estabilidade, portanto aptos a atuar pela população brasileira. E assim tem sido sempre”, afirmou Covas. “Se existe um ou dois pontos fora da curva, não quero acreditar que isso seja a norma.” 

Ainda segundo o presidente do Butantã, o episódio também não teve impactos na inclusão de voluntários na pesquisa. “Os centros de análise não interromperam sua atividade e o acompanhamento continuou. Já tem lista de pessoas inscritas para ser vacinadas. Estamos cumprindo o cronograma”, disse. 

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A imunização começou por profissionais de saúde e, agora, a expectativa é que o instituto anuncie testes em grupos que podem ter resposta vacinal diferente da maior da população: idosos, crianças, gestantes e puérperas. “Essa sequência de estudos deve durar 12 meses”, afirmou Covas. 

Para esta etapa, o Butantã precisaria de mais de 2 mil voluntários. “Esse estudo está muito próximo de iniciar e teremos necessidade de idosos, que não serão profissionais de saúde, mas pessoas acima de 60 anos”, disse. “A segurança da vacina foi atestada pela Anvisa, que fez a revisão e viu que o estudo deve prosseguir.”

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