
26 de março de 2021 | 09h51
SÃO PAULO - O Instituto Butantan anunciou nesta sexta-feira, 26, detalhes sobre a Butanvac, candidata a imunizante contra a covid-19 que deve ser testada em humanos a partir de abril, caso receba autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A solicitação da vacina do Butantan será feita ainda nesta sexta-feira.
Butantan quer produzir 40 milhões de doses da vacina contra covid Butanvac, 100% nacional
A vacina terá toda a produção realizada no Brasil e utilizará a mesma tecnologia usada na vacina da gripe, que já é feita pelo instituto. Se os resultados forem positivos, a meta é iniciar a vacinação da população já em julho. Veja perguntas e respostas sobre o imunizante.
Segundo Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, o desenvolvimento do imunizante teve início há um ano. A tecnologia apresentada como base da vacina Butanvac foi criada em 2020 por pesquisadores do Instituto Mount Sinai, de Nova York (EUA). O Butantan diz que a concepção da tecnologia não é do Brasil, mas a produção será 100% nacional. O Mount Sinai, segundo o instituto de São Paulo, é parceiro no projeto da Butanvac.
Sim, os testes foram realizados na Índia e, de acordo com o Instituto Butantan, os resultados foram positivos.
O início dos testes clínicos com a vacina produzida pelo Instituto Butantan deve ser em abril, mas só vai começar após aprovação da Anvisa.
Segundo o instituto, ela usa o vetor viral, a proteína spike do novo coronavírus de forma integral. A tecnologia usada é a mesma utilizada para a produção da vacina da gripe, que é feita no Butantan. As cepas são cultivadas em ovos de galinha, resultando em doses de vacinas inativadas, feitas com fragmentos de vírus mortos.
"O vírus utilizado como vetor nesta vacina é o da Doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Por esta razão, o vírus se desenvolve bem em ovos embrionados, permitindo eficiência produtiva num processo similar ao utilizado na vacina de influenza.
É uma infecção que afeta somente aves e o vírus desta doença "não causa sintomas em seres humanos, constituindo-se como alternativa muito segura na produção. O vírus é inativado para a formulação da vacina, facilitando sua estabilidade e deixando o imunizante ainda mais seguro", diz o Butantan.
Inicialmente, serão 1,8 mil voluntários para a vacina do Butantan. Os testes das fases 1 e 2 serão realizados em pessoas com mais de 18 anos e que ainda não estão sendo contemplados pela vacinação pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). O governo ainda não informou como será feita a seleção.
Entre 45 e 75 dias.
O lote piloto para os testes clínicos já está pronto. A previsão é de que a produção em larga escala ocorra em maio, caso os resultados dos testes clínicos sejam positivos.
A meta é começar a vacinar a população em julho e o objetivo é ter 40 milhões de doses prontas até o fim de 2021.
A produção esperada é de 100 milhões de doses por ano.
O valor ainda não foi anunciado, mas a previsão é de que o custo não seja elevado. De acordo com o governador João Doria, o custo será menor, porque não há importação de insumos nem custos de logística, já que o imunizante será 100% produzido no Brasil.
A definição será feita após os testes, mas Dimas Covas afirmou que existe a possibilidade de ser em dose única.
O imunizante do Butantan será fornecido para países de baixa e média renda. Vietnã e Tailândia, que são parceiros no projeto, também vão receber. A Butanvac será produzida por meio de um consórcio internacional com o Instituto de Vacinas e Biologia Médica do Vietnã e a Organização Governamental Farmacêutica da Tailândia. O Butantan vai produzir 85% da capacidade total.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.