‘População não vacinada’ é alto risco, diz OMS

Agência teme que as regiões que entraram no mapa de alerta levem a doença ‘a um novo nível de transmissão’

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Por Jamil Chade
Atualização:

GENEBRA - O grande número de pessoas não vacinadas contra a febre amarela no Brasil representa um “alto risco” de proliferação maior da doença no País. O alerta é da Organização Mundial da Saúde (OMS), que observa que as novas regiões que passaram a ser áreas de risco contam com população desprotegida, o que poderia levar “a um novo nível de transmissão”. O alerta, emitido nesta segunda-feira, 22, aos demais governos no mundo, também destaca que a campanha de vacinação de ampla escala que será realizada para frear a febre amarela em 21 milhões de pessoas representa “desafio significativo”. 

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A OMS, que nas últimas semanas mostrou preocupação com a situação no Brasil, diz que, “embora as medidas implementadas pelas autoridades brasileiras tenham contribuído para a ocorrência de menos casos, a quantidade de pessoas ainda não vacinadas que continuam a viver em áreas com ecossistemas favoráveis à transmissão do vírus da febre amarela representa um risco elevado”.

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No comunicado, a agência explica que “atualmente, o Brasil é afetado apenas pela febre amarela silvestre - transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes”. “Até o momento, não há evidência de que o mosquito Aedes aegypti, presente em zonas urbanas, esteja envolvido na transmissão”, indicou.

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Na avaliação da OMS, os casos de contaminações em animais desde julho de 2017 “continuam sendo uma preocupação, especialmente perto de áreas urbanas de grandes cidades, como São Paulo, e em municípios que eram considerados fora da área de risco”. Ao mesmo tempo, a entidade destaca que os casos humanos da febre amarela triplicaram no Brasil. 

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Sem estoque. Com alta procura, vacina em postos da capital paulistaacaba Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Desafio

A grande aposta para os especialistas internacionais é mesmo na vacinação. Mas a entidade não hesita em apontar a dificuldade. “É importante notar que, diante da escala e da dimensão, essa campanha de vacinação em massa provavelmente será caracterizada por desafios logísticos significativos.”

A preocupação com a operação não ocorre por acaso. O Estado revelou que, desde a semana passada, a OMS pediu a realização de uma reunião por semana com o governo brasileiro para conseguir acompanhar o que está sendo feito no País. Nesta terça-feira, 23, o encontro terá como um de seus principais temas a campanha de vacinação. 

Viagens

Nesta segunda, a OMS voltou a recomendar que turistas estrangeiros sejam vacinados antes de visitar São Paulo, principalmente agora nas proximidades do carnaval. Isso, segundo a entidade, ocorre depois da confirmação do registro de um caso de febre amarela em um holandês que esteve em Mairiporã (SP). A agência ainda pede que os governos “disseminem a recomendação” aos viajantes. 

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