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Casos de H1N1 no Brasil sobem para 1.012, com 153 mortes no ano

Do total, 758 foram registrados no Sudeste, com 103 óbitos, do quais 91 foram em São Paulo; houve aumento em todas as regiões

Por Ligia Formenti
Atualização:

BRASÍLIA - O número de mortes provocadas por H1N1 aumentou 50% em uma semana. Boletim do Ministério da Saúde, com dados até o dia 9, mostra que 153 pessoas foram vítimas de complicações provocadas pelo subtipo do vírus influenza neste ano. No balanço anterior, eram 102 óbitos. Os dados revelam também que 80% das vítimas fizeram uso de oseltamivir – o Tamiflu. No entanto, os pacientes passaram a usar o medicamento a partir do 5.º dia da infecção, em média. Em alguns casos, o início foi no 35.º dia, quando o recomendável é até 48 horas após a infecção. 

“Oseltamivir não é uma droga milagrosa. Essa média de cinco dias indica que o remédio está sendo usado de forma tardia”, afirma o coordenador de Controle de Doenças da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, Marcos Boulos. Não se sabe ao certo o motivo da prescrição tardia: se é porque pessoas demoram a procurar assistência ou se há resistência dos próprios profissionais em indicar a medicação. 

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O oseltamivir é indicado para pessoas que apresentam quadro gripal e estejam em um grupo de risco para complicações – gestantes, crianças de até 5 anos, idosos e pessoas com doenças pré-existentes, como diabete ou problemas respiratórios. 

O diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, lembrou ainda que o remédio também é indicado para pessoas que não se encaixam nesse perfil, mas apresentam sinais de agravamento do quadro – como falta de ar. Por fim, a droga é indicada para pessoas do grupo de risco que estejam em contato com pacientes com H1N1. O remédio é dado para prevenir a doença. “O que não faz sentido é ver pessoas jovens, sem nenhum problema de imunidade, usando oseltamivir. São dois extremos incorretos: o uso tardio ou desnecessário do remédio”, diz Boulos. 

Casos. Além do aumento de mortes, o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde aponta para um ritmo ainda alto de casos de influenza. Em uma semana, o registro de pacientes com a doença passou de 686 para 1.012, avanço de 47%.

E o aumento de casos foi identificado em todas as regiões do País. O Sudeste continua em primeiro lugar, com 758 casos notificados – aumento de 37% em relação ao boletim anterior. No Sul, foram identificados 133 casos, 95% a mais do que na semana passada, quando 68 infecções haviam sido relatadas. No Centro-Oeste há 71 casos e no Nordeste, 33. O Norte apresenta 16.

Das mortes registradas, 103 foram identificadas no Sudeste. Somente São Paulo responde por 91 óbitos. Esses números ainda não incluem duas mortes relatadas oficialmente só nesta semana – de um homem de 37 anos, em Caraguatatuba, e de uma mulher de 51 anos em Presidente Prudente.

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Maierovitch afirmou que os números apresentados no boletim, embora assustem à primeira vista, seguem o perfil esperado para a epidemia. A tendência é de que o número de casos continue a aumentar. O fato de alguns Estados terem antecipado a vacinação contra influenza entre grupos de risco, avaliou, não é suficiente para interromper o ciclo da epidemia em um período tão curto. A vacina começa a ter efeitos protetores duas semanas depois da aplicação. 

A vacina contra o vírus H1N1 foi antecipada para os grupos considerados de risco Foto: Werther Santana/Estadão

Além disso, o principal objetivo da imunização é evitar casos graves, complicações e óbitos. O impacto, completou o diretor, começará a ser notado nas próximas semanas, quando a cobertura vacinal entre grupos mais vulneráveis aumentar.

Indício de queda. Boulos, porém, tem uma visão diferente de Maierovitch. Ele avaliou que São Paulo já começa a apresentar uma discreta tendência de redução de casos. “São indícios. Não temos ainda como garantir que a epidemia já atingiu seu auge e agora está em queda. Mas essa é uma impressão que começa a ser notada pela movimentação nos serviços de saúde.” / COLABOROU JOSÉ MARIA TOMAZELA

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