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Casos de microcefalia no Brasil sobem de 2.401 para 2.782 em uma semana

Neste grupo, incluem também os casos em que a relação com o vírus zika não foi comprovada

Por Gustavo Aguiar
Atualização:

BRASÍLIA - O número de casos de microcefalia com suspeita de relação com o vírus zika no Brasil subiu para 2.782 casos, ante as 2.401 notificações registradas na semana passada. Neste montante estão incluídos os casos já confirmados, que na semana passada eram 134, e os casos ainda em investigação.

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O dado foi divulgado no final da manhã desta terça-feira (22) pelo Ministério da Saúde. O órgão, porém, não informou se aumentou o número de casos confirmados. Até agora, 40 mortes foram decorrentes da má formação. 

O diretor do departamento de vigilância de doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, confirma que, embora haja outras causas de microcefalia, a maioria dos casos atualmente é decorrente do zika. “Nesse momento, com a grande elevação de casos que tivemos, a esmagadora maioria é relacionada ao vírus”. 

A situação mais alarmante continua se concentrando nos estados no Nordeste. A pior situação é em Pernambuco, com 1.031 casos registrados. Na Bahia, houve redução de notificações por causa de um erro de registro, mas o Estado é o que registra o segundo maior número, com 271 casos. Em seguida estão Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe. 

Em São Paulo, o número de notificações permanece estável, com seis casos suspeitos. No Rio de Janeiro o número passou de 57 para 82, com registros em 18 municípios. No Distrito Federal, as notificações pularam de duas para onze.

Combate. O Ministério da Saúde informou ainda que tem como meta que agentes de saúde visitem 100% dos imóveis brasileiros até 31 de janeiro para identificar e combater os criadouros do mosquito. São 266 mil agentes espalhados em todo o território nacional, com meta individual de fazer 20 visitas por dia até o cumprimento do prazo. Os fiscais têm autorização judicial para entrar em imóveis que estiverem fechados.

“Esta é uma questão sanitária. Se hoje nós não temos vacina ou algo de concreto e efetivo diferente de tudo que tem sido feito no combate ao vetor, o mais efetivo é a eliminação de todo e qualquer recipiente que junte água parada e prolifere o mosquito”, defendeu Maierovitch.

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Além da sala de comando de controle nacional instalada no Ministério da Saúde para acompanhar a epidemia da doença, outros 16 Estados já se equiparam para monitorar a situação de maneira permanente.A pasta também enviou aos Estados no Nordeste e do Sudeste mais de 17,9 toneladas de larvicida para o combate do mosquito aedes aegypt, vetor da doença.

Por enquanto, no entanto, o ministério disse que não tem data para o reabastecimento dos estoques de repelente no País. O produto sumiu das prateleiras nas últimas semanas depois do alerta sobre o risco de que o vírus pode causar microcefalia em bebês. “A situação pegou os fabricantes de surpresa. Estamos procurando ver a composição de produtos para proteção das gestantes. mas esse estudo ainda não está completo”, disse Maierovitch.

Doação de sangue. O Ministério da Saúde também recomendou que os hemocentros brasileiros reforcem o protocolo para doação de sangue neste período do ano, a fim de evitar a contaminação do vírus zika por transfusão. Apesar do risco, avaliou o órgão, é preciso manter os bancos de sangue cheios por causa da alta demanda durante os meses de férias.

O alerta surgiu depois de que houve uma suspeita de contaminação de zika por transfusão registrada em Campinas. O Ministério da Saúde reforçou a necessidade de preenchimento do questionário clínico dos doadores de sangue antes do procedimento. “Não há motivo para a queda de doação”, afirmou o secretário em atenção em saúde do Ministério, Alberto Beltrame.

As pessoas que tiveram algum tipo de sintoma relacionado à doença nos últimos 30 dias deverão ser considerados inaptos a doar sangue por mais 30 dias. Caso os sintomas apareçam nos sete dias seguintes à doação, o doador deverá informar ao centro de coleta para que o eventual receptor seja acompanhado.

“Os mecanismos disponíveis para a identificação do Zika atualmente ainda são demorados. Mas temos um dos sistemas de transfusão mais seguros do mundo”, avaliou Beltrame.

Rede de laboratórios. Entre os principais objetivos está aprender mais sobre o novo vírus Foto: RAFAEL ARBEX/ESTADÃO
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