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Chega ao Brasil teste mais preciso de infertilidade masculina

Por Agencia Estado
Atualização:

O diagnóstico de infertilidade masculina nunca foi tão preciso. Um novo teste capaz de analisar a estrutura do DNA do espermatozóide começa a ser usado no Brasil. Com o nome oficial de Teste da Estrutura da Cromatina Espermática, ele identifica a quantidade de espermatozóides com DNA defeituoso numa amostra de sêmen. Até agora, os exames conseguiam analisar principalmente o formato do espermatozóide, a mobilidade e a quantidade em amostras coletadas. Os médicos diziam que, para fecundar, o sêmen deveria ter pelo menos 14% de espermatozóides com formato normal, 50% com boa mobilidade e 20 milhões de unidades por mililitro. Uma ejaculação normal tem de 2 a 5 ml. Agora, contam com mais uma ferramenta. Não adianta o espermatozóide se enquadrar no padrão do espermograma, se 30% ou mais deles têm DNA defeituoso. "Amostras com mais de 30% de células reprodutivas com DNA fragmentado indicam que as chances de fertilidade são praticamente zero", analisa Edson Borges, da clínica Fertility, em São Paulo. O próximo passo da medicina reprodutiva será conseguir isolar os espermatozóides com o DNA fragmentado. A indicação principal do novo exame - que é rotina nos Estados Unidos há cerca de dois anos - é para infertilidade sem causa aparente. Ou seja, quando não há razão concreta para o casal não ter engravidado. Cerca de 10% dos casos de infertilidade não têm causa identificada. "Na década passada, quando os médicos não encontravam a causa da infertilidade do casal, o caso era considerado praticamente sem solução", analisa o patologista Ricardo de Oliveira, diretor da RDO Diagnósticos Médicos, em São Paulo. "De lá para cá, descobriu-se que 80% dos casos de infertilidade são provocados por problemas imunológicos. Desses, 20% a 30% causados pelo homem." Outras indicações: homens com mais de 50 anos ou expostos a agentes tóxicos. Três Etapas - O novo exame, que vai custar cerca de R$ 300 e leva 5 horas para ficar pronto - o espermograma custa, em média, R$ 200 e fica pronto em um dia - tem três etapas importantes. A primeira é a coleta. Para fazê-la, o homem tem de ficar dois dias sem ejacular. Mas também não pode ficar mais de três. "Acima de 72 horas, o esperma começa a envelhecer no organismo e as chances de fragmentação de DNA aumentam", diz o patologista Oliveira. Feita a coleta, esperam-se 45 minutos até que o sêmen perca a viscosidade. A amostra passa por um exame de fluorescência - o sêmen é misturado a um corante laranja específico, capaz de se ligar ao DNA. Ela passa, então, por uma máquina (citômetro de fluxo) que quantifica a porcentagem de espermatozóides alaranjados. Aí, sim: mais de 30% deles com a cor significa que o sêmen não é bom para fertilizar. "Esses mesmo espermatozóides apareceriam normais num espermograma", diz Roger Abdelmassih, especialista em reprodução humana. Pelo menos duas clínicas já têm data para começar a usar o teste no Brasil. Na clínica de Reprodução Humana Roger Abdelmassih, em São Paulo, ele passa a ser oferecido na próxima semana. Na Fertiliy, também na cidade de São Paulo, em dois meses. Cerca de 20% dos casais têm dificuldade para engravidar. O homem é responsável por metade dos casos de infertilidade. No Brasil, essa porcentagem representa cerca de 8 milhões de casais com dificuldade para engravidar. Estima-se que 500 mil casais com infertilidade não aparente tenham como causa o DNA fragmentado do espermatozóide. Primeiros Exames - "A medicina reprodutiva se voltou para o homem há pouco tempo", diz Borges, da Fertility. "O último grande passo foi a introdução do ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóides)." O método, que chegou ao País em 1993, consiste em injetar um único espermatozóide diretamente no óvulo. A principal indicação é para homens com células sexuais de baixa qualidade, aquelas que não conseguem penetrar na célula feminina por conta própria. Mas a fertilidade masculina começou a ser controlada há muito tempo. O espermograma foi criado no fim do século 19, sem a mesma precisão e a quantidade de análises feitas, naturalmente. Por exemplo, hoje é possível detectar no espermograma as chances do espermatozóide entrar no óvulo. "Por um lado, é mais difícil estudar o espermatozóide que o óvulo (um espermatozóide é cerca de 40 vezes menor que o óvulo)", diz Borges. "Por outro, até pouco tempo, os homens nem se submetiam a exames por preconceito"

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