
08 de junho de 2011 | 16h19
Berlim - Cientistas das universidades de Greifswald e Bonn encontraram indícios que explicam a gravidade da nova cepa da bactéria "E. coli" e que provoca aparentemente a formação de autoanticorpos, causadores dos graves danos internos aos pacientes.
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Andreas Greinacher, especialista em transfusões da universidade de Greifswald, informou nesta quarta-feira que tudo parece indicar que os pacientes afetados pela Síndrome Hemolítica-Urêmica (SHU), além de segregar shiga-toxina, formam autoanticorpos, que atuam destrutivamente contra seu próprio organismo.
Análises provisórias indicam que esses anticorpos provocam um aumento de um fator de coagulação que limita a provisão sanguínea a importantes regiões cerebrais e renais.
Os autoanticorpos são gerados apenas por alguns pacientes afetados pela infecção de "E.coli" - nos casos de maior gravidade, com alterações de consciência e epilepsias.
Greinacher afirmou que quatro pacientes com quadro clínico grave foram tratados na clínica universitária de Greifswald com uma diálise que filtra esses anticorpos, e que os primeiros exames sanguíneos foram "otimistas".
O especialista, que realizou os exames com Bernd Pötzsch, da Universidade de Bonn, disse que ainda não foram determinadas as causas que levaram os pacientes a serem afetados de tal maneira, e explicou que foi comprovada uma alteração no funcionamento de uma proteína - o chamado "Fator de von Willebrand" - nos vasos sanguíneos cerebrais e renais.
Em vez de se decompor em pequenos fragmentos, essa proteína acaba se acumulando e bloqueando os capilares, o que leva a quadros clínicos de maior gravidade.
Greinacher e Pötzsch afirmaram também que o autoanticorpo é desenvolvido cerca de cinco dias após a doença ser contraída.
"Isso explica porque muitos pacientes que já superaram a fase diarreica apresentam depois graves sintomas neurológicos", disse Greinacher.
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