Ninguém ainda conseguiu identificar o ponto zero da epidemia de gripe suína. Exatamente onde a nova cepa de influenza saltou, pela primeira vez, de um porco para o organismo humano é um mistério científico.
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Cientistas planejam retornar na próxima semana a La Gloria, uma vila de criadores de porcos nas montanhas de Veracruz, onde o mais antigo caso confirmado da doença no México foi identificado. Eles esperam descobrir onde a epidemia começou extraindo amostras de sangue de moradores e de porcos, e procurando pelo anticorpo que pode indicar exposição a infecções prévias de gripe suína.
Alguns especialistas dizem que não faz sentido tentar entender o que ocorreu em La Gloria, agora que o vírus já se espalhou pelo mundo. Mas outros argumentam que uma investigação minuciosa pode oferecer a chave para o combate a futuras epidemias.
E o México tem um motivo extra para se preocupar: se for possível demonstrar que os porcos de La Gloria não contaminaram ninguém, o país poderá dizer ao mundo que não teve culpa pela epidemia - que o vírus H1N1 veio de outro lugar.
Mais da metade dos três mil habitantes de La Gloria adoeceu com sintomas de gripe semanas antes de o novo vírus ser identificado. Muitos tiveram dificuldades para respirar, febre alta e dores pelo corpo. Cerca de 450 dos moradores mais adoentados receberam diagnóstico de infecção respiratória aguda e foram mandados para casa com receitas de antibiótico e máscaras.
Autoridades sanitárias mexicanas a princípio minimizaram o surto, dizendo que a população estava com gripe comum. Um menino de 5 anos foi o único caso confirmado de contaminação pelo vírus H1N1 entre 43 moradores que enviaram amostras para análise. Mas, quando os exames foram realizados, a maioria já havia se recuperado, eliminando o vírus do organismo.
Assim como seres humanos, porcos podem contrair gripe, geralmente nos meses de inverno. O novo vírus de gripe suína é incomum porque também infectou humanos e, agora, tornou-se um vírus de gripe humana.
Os moradores de La Gloria acreditam que foram contaminados pelas grandes criações de porcos, que acusam de poluir o ar e a água. Mas a indústria suína quer um exame mais detalhado dos chiqueiros domésticos, que podem conter porcos que não foram criados com os padrões sanitários industriais em mente.