Uma equipe de cientistas conseguiu fazer com que as células T, um tipo de leucócitos, sejam resistentes ao vírus da Aids graças à modificação de um gene, segundo uma pesquisa publicada neste domingo, 29, pela revista científica britânica "Nature Biotechnology". Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia (EUA) explicam neste artigo como anularam a ação destruidora que o vírus tem nestas células graças à utilização de uma enzima criada para interromper a ação de um gene-chave. Este gene, chamado CCR5, é o responsável pela criação de um receptor da superfície das células T que é a substância que permite que o vírus as invada. Após observar que os indivíduos que nascem com mutações nesse gene que impede que as moléculas da superfície sejam funcionais mostram uma resistência natural a esta infecção, os cientistas pretendiam comprovar se esse mecanismo poderia ser reproduzido em células normais geneticamente modificadas. Para isso, desenvolveram uma enzima capaz de anular a ação do gene CCR5. Trata-se de um tipo de endonuclease com dedos de zinco, capaz de "cortar" o DNA em determinadas regiões dos cromossomos, que conseguiram interromper sua atividade nas células T com uma especificidade muito elevada. A partir daí, foram feitos exames em provetas e em ratos de laboratório com células T modificadas. Na experiência envolvendo a lâmina de cultivo, onde se misturaram células normais e células modificadas com o vírus da aids, as segundas sobreviveram mais. No caso dos ratos infectados com uma doença equivalente à aids, os que receberam um transplante de células T modificadas tiveram uma carga viral menor e um maior número de células T que o resto. Os pesquisadores americanos afirmam que a descoberta poderia contribuir para desenvolver tratamentos clínicos nos quais as células T de um indivíduo soropositivo fossem alteradas e reinseridas no paciente, resistentes ao vírus, para reforçar seu sistema imunológico.