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Cientistas criam robô capaz de controlar baratas

Pesquisadores estudam como indivíduos tomam decisões coletivamente.

Por Márcia Bizzotto
Atualização:

Um grupo de cientistas europeus desenvolveu um tipo de robô capaz de influenciar nas decisões tomadas por grupos de baratas. "Resultados experimentais demonstram a possibilidade de compartilhar e controlar ações coletivas entre máquinas e animais. Sociedades animais podem ser os primeiros sistemas biológicos onde robôs autônomos e indivíduos vivos colaboram para solucionar problemas", disse à BBC Brasil o cientista José Halloy, da Universidades Livre de Bruxelas, que coordena o projeto desenvolvido em parceria com a Universidade de Rennes (França) e a Escola Politécnica Federal de Lausanne (Suíça). "Ainda não sabemos que tipos de problemas poderiam ser solucionados (pela interação entre robôs e seres vivos). É isso que queremos explorar agora", afirmou Halloy. O robô-barata tem a aparência de um simples aparelho eletrônico, um pouco maior que uma barata normal, mas foi aceito como mais um membro pela comunidade de baratas. Para conseguir isso, os cientistas revestiram o robô com feromônios que constituem a identidade das baratas. "A interação entre esses insetos se dá pelo toque e o odor, que se baseia essencialmente em uma mistura de hidrocarbonos que cobre seus corpos. Os robôs são revestidos com essa mesma substância e, quanto mais alta a concentração de feromônio, maior é sua aceitação (pelo grupo)", disse o coordenador do projeto. Para melhorar a integração, o robô-barata foi elaborado de forma a reagir espontaneamente às ações das baratas verdadeiras, sem que os cientistas tenham de intervir. Uma vez aceito pela comunidade, o robô é capaz de participar e influenciar nas decisões coletivas. "Os indivíduos, naturais ou artificiais, são considerados equivalentes, e as decisões coletivas emergem de respostas não lineares, baseadas na interação local. Não há um líder, não há uma comparação e não há intercâmbio de informação (entre os insetos)", disseram os cientistas, que dedicaram cinco anos à pesquisa. "Cada barata primeiramente procura o lugar mais adequado para ela, mas fica nesse lugar por mais tempo dependendo da quantidade de outras baratas que estiverem ali. Isso ela saberá com base no tato e no odor. O robô tem a mesma atitude, e acaba influenciando as outras baratas porque adiciona mais interação ao sistema", disse Halloy. "O mais interessante é que, como grupo, apenas esse tipo de mecanismo é capaz de produzir decisões inteligentes." Os cientistas agora querem tentar desenvolver o mesmo tipo de interação com seres vertebrados, como galinhas, com ajuda dos mesmos mecanismos de comunicação utilizados pelo animal escolhido - sons, indicações visuais e organização social. "Estamos tentando compreender como os indivíduos tomam decisões coletivamente. Uma vez que saibamos isso, podemos compreender que tipo de cooperação podemos conseguir deles", disse Halloy. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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