Cientistas descobrem receptores de nicotina na boca

Até agora, os cientistas pensavam que a nicotina tinha que migrar ao cérebro para conseguir seus efeitos

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Por Efe
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Não é apenas o cérebro que tem receptores de nicotina, a substância contida no cigarro e que cria dependência, já que as papilas gustativas também possuem moléculas nicotínicas, afirma um estudo publicado nesta segunda-feira, 19, na revista Proceedings of the National Academy of Sciences. Veja também:Fumar na gravidez pode alterar tireóide da mãe e do filhoJovens fumantes consideram atores que fumam mais atraentes Até agora, os cientistas pensavam que a nicotina tinha que migrar ao cérebro, antes de passar pelos pulmões e pela corrente sanguínea, para conseguir seus efeitos. No entanto, uma equipe da Universidade do Porto, Portugal, do Instituto Internacional de Neurociência Edmon e Lily Safra de Natal (RN), da Virgínia Commonwealth University e da Duke University, dos Estados Unidos, descobriu que há uma segunda forma de reconhecimento da nicotina que provavelmente ajuda à dependência. Esses receptores são encontrados na boca, e são responsáveis da ativação do córtex gustativo na ínsula, uma região do cérebro. Os cientistas chegaram a esta conclusão após modificar geneticamente ratos de laboratório para que não tivessem a proteína TRPM5, relacionada com o reconhecimento de sabores amargos (como a nicotina ou a quinina). Apesar de não sintetizar essa proteína, os ratos foram capazes de distinguir a nicotina da quinina e de água por um caminho independente ao sentido do gosto. Os pesquisadores explicam que a nicotina estimula dois sistemas na boca: um relacionado com o sabor amargo e outro específico da nicotina. Os receptores da nicotina presentes nas papilas gustativas produzem a ativação neuronal do córtex gustativo, que está na ínsula. Sabe-se que os danos nessa região cerebral podem terminar de forma instantânea com a dependência à nicotina, por isso os cientistas estudam agora se os receptores bucais estão relacionados com os efeitos dessa substância no cérebro. Se for assim, seu bloqueio poderia se transformar em uma arma eficaz contra o tabagismo.

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