Autoridades sanitárias internacionais subestimaram o risco de rebanhos suínos atuarem como fonte de novas cepas de vírus da gripe, optando por focar na ameaça da gripe aviária, disseram pesquisadores no México nesta quinta-feira, 4.
Veja também:
Os cientistas analisaram amostras de pessoas infectadas com o novo vírus H1N1 da gripe suína, que já foi confirmado em cerca de 20 mil pessoas de todo o mundo, tendo causado por volta de 120 mortes.
"O vírus muito provavelmente evoluiu de vírus suínos recentes", escreveram Gerardo Nava, da Universidade Autônoma do México, e colegas em artigo publicado na revista online Eurosurveillance.
"Essas descobertas indicam que o porco doméstico da América do Norte pode ter um papel central na geração e manutenção desse vírus".
A indústria suína internacional correu para defender seu produto, dizendo que a carne de porco não representa risco. Mas especialistas também destacam que há muito pouca vigilância para rastrear a gripe entre os porcos - a despeito do fato de a doença ser tão comum e contagiosa entre esses animais quanto é entre humanos.
Vírus da gripe também podem passar de pessoas para porcos, e vice-versa.
"Essas observações reiteram o risco potencial das populações de porcos como fonte da próxima pandemia de gripe", escrevem Nava e seus coautores.
A equipe de Nava analisou a todas as sequências genéticas disponíveis de vírus do tipo H1N1 circulando na América do Norte nas últimas duas décadas. O H1N1 existe pelo menos desde a pandemia de 1918, infecta tanto pessoas quanto porcos e sofre mutações constantes.
Eles não encontraram muitas amostras, o que, segundo Nava, mostra como poucos testes são feitos para acompanhar a doença nos rebanhos.