Cocaína está em quase todas comunidades indígenas, diz Funai

Fundação diz que não consegue combater o problema, que atinge cerca de 230 comunidades em Tabatinga

PUBLICIDADE

Por Agência Brasil
Atualização:

O administrador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Tabatinga, no Amazonas, Davi Félix Cecílio, afirmou na segunda-feira, 17, que a cocaína está presente em praticamente todas as 230 comunidades indígenas sob sua jurisdição, onde vivem cerca de 54 mil índios.   Veja também: ONU pede respostas sobre direitos dos índiosSete mil pés de coca são retirados de plantação no AM    Cecílio admitiu que em determinadas comunidades, como Umariaçu, um em cada cinco jovens indígenas está viciado em cocaína, e que os traficantes estão usando os índios como mulas para o transporte da droga. O administrador da Funai afirmou já ter procurado a Polícia Federal para coibir o tráfico em Umariaçu. Segundo ele, A PF realizou uma rápida operação sem resultados efetivos.   Segundo Cecílio, a Funai não tem conseguido combater esse tipo de problema, pois não tem competência legal para combater esse tipo de crime. O governo brasileiro, por meio da Funai, tem que criar um mecanismos para a população indígena, senão eles vão se envolver nas drogas. Tem que oferecer alternativas como cursos profissionalizantes, disse o administrador da Funai.   "Nós estamos no fim do Brasil, na faixa de fronteira. A invasão dos nossos companheiros dos países vizinhos, colombianos e peruanos, é constante. São traficantes. As pessoas envolvidas com drogas, estão usando os índios tikuna, kokama, kanbeba, kaixana, kanamari, vitota como mulas, transportando as drogas."   Cecílio informou que quatro índios kokama estão presos em Manaus desde a semana passada, por causa do tráfico de cocaína. "Quando o índio se envolve na cocaína, abandona o estudo, não trabalha na agricultura, porque o mandante oferece dinheiro para ele passar de canoa ou de barco pequeno. Aí eles são pegos."   Ele manifestou também preocupação com a situação de seus parentes. "Como administrador da Funai regional, trabalho preocupado com a situação que os meus parentes enfrentam hoje, porque estão envolvidos nas drogas. Cada pai de família está preocupado com os filhos, porque eles estão se matando com a força da droga."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.