Colégios de SP dão desconto de até 30% durante pandemia; parte das escolas mantém cobrança integral

Enquanto alguns pais reivindicam e obtêm descontos coletivos, outros se preocupam com manutenção de funcionários; rede pede paciência

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Por João Prata
Atualização:

SÃO PAULO - Com as aulas presenciais sem data de retorno por conta do novo coronavírus, em algumas escolas particulares de São Paulo grupos de pais se organizaram para pedir desconto coletivo, enquanto outros se preocupam com a manutenção dos funcionários e professores pelas instituições. Em meio a isso, a Secretaria Nacional do Consumidor recomenda o diálogo e evitar a judicialização – uma vez que a alteração é “por força maior”.

Escolas fecharam as portas em razão da crise do coronavírus. Foto: Wokandapix/Pixabay

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Mesmo entre as escolas de elite, há divergências. A escola britânica Saint Paul’s encaminhou nota aos pais, informando que dará desconto de 30%. “Esse valor será aplicado durante os meses em que a escola estiver operando por meio de plataformas de ensino online.” O Saint Paul's não divulgou valores, mas a mensalidade média está em torno de R$ 8 mil.  

Enquanto isso, o Bandeirantes informou que não dará desconto coletivo. O diretor, Mauro Aguiar, disse que a economia da instituição com a quarentena seria irrisória para conseguir reduzir a mensalidade dos 2.653 alunos. A mensalidade do Band custa entre R$ 4,6 mil e R$ 4,9 mil, a depender do ano escolar.

"Aprimoramos os canais de armazenamento e processamento. O Bandeirantes chega a ter 1,5 mil alunos conectados simultaneamente. Nosso custo deve até aumentar nesse período. Tivemos de aumentar a segurança na escola para evitar roubos de equipamento. Não vamos demitir os terceirizados, porque seria um crime social. Estamos abertos para analisar casos individuais", disse Aguiar.

Na mesma linha, a Escola Mais não reduzirá a mensalidade, mas já está operando 100% digital e ofereceu ajuda a outras escolas para implementar o ensino a distância e ofertou gratuitamente todo o seu conteúdo digital, incluindo as aulas que acontecem em tempo real.

Já o Colégio Pentágono - com unidades no Morumbi, Perdizes e Alphaville - precisou esclarecer nesta quinta-feira, 2, a demissão de dois funcionários. Um grupo de pais criou abaixo-assinado para pedir a readmissão de um vigia e de uma secretária. A escola informou ao Estado que foram duas saídas pontuais e as vagas serão repostas. “Eram demissões previstas. A escola tem 800 funcionários. Não foi por corte de gastos. Foi uma reorganização”, informou a diretora Dulcinea Machado.

O Pentágono deve soltar comunicado aos pais nos próximos dias para informar sobre a mensalidade. “Os descontos são casos individuais. Queremos ajudar os pais. Quem não conseguir pagar agora, estamos dispostos a negociar.”

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O Dante Alighieri, na região central, ainda está analisando desconto coletivo. O Santa Cruz, em Alto de Pinheiros, zona oeste paulistana, preferiu não se pronunciar, mas a Stance Dual, na Bela Vista, região central, diminuirá em 12% a mensalidade de abril – mas informou que o valor será reposto em três parcelas equivalentes (4% cada) nas mensalidades de outubro, novembro e dezembro.

A Rede Decisão, que atende a 6 mil alunos em 11 escolas de São Paulo e Minas, com um público mais voltado para a classe média, pede paciência aos pais. Gabriel Alves, CEO da escola, disse que o momento é para pensar no coletivo. “Estão esquecendo que, se as escolas pararem de receber a mensalidade, tem gente que vai parar de receber salários."

"A ideia é manter o salário dos funcionários integralmente. Hoje tem muita gente olhando em causa própria. Tem pai pedindo desconto, outros que são contra as férias, outros contrários ao ensino a distância. No momento todos estão muito à flor da pele. O importante no momento é pensar mais no coletivo”, declarou.

Órgão de orientação ao consumidor sugere não pedir abatimento

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) aconselhou que “consumidores não peçam reembolso parcial ou total de mensalidades”, pois a escola tem a possibilidade de repor o serviço interrompido. A ideia é cada instituição oferecer as aulas presenciais em período posterior ou adotar o ensino a distância. O Ministério da Educação já liberou as instituições de cumprir os 200 dias letivos, bastando completar as 800 horas anuais.

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