Com 19 mortes, sistema prisional paulista vive escalada do coronavírus

Casos positivos ou suspeitos de covid-19 já foram registrados em 62 das 176 unidades prisionais do Estado

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA – O sistema prisional paulista vive uma preocupante escalada no número de mortes pelo coronavírus. Na noite desta quarta-feira (13), o saldo era de 19 mortos, sendo 10 presos e 9 servidores, conforme dados da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). No dia 30 de abril – duas semanas antes -, o número de vítimas fatais era bem menor: 6 detentos e 3 funcionários. Outros 14 presos e 23 funcionários contraíram a covid-19, segundo a pasta. Casos positivos ou suspeitos de coronavírus já foram registrados em 62 das 176 unidades prisionais do Estado.

O último óbito vitimou, nesta quarta, um preso de 53 anos da Penitenciária II, no bairro Aparecidinha, em Sorocaba. Ele teve diagnóstico positivo para o vírus e morreu em um hospital da cidade. Essa foi a terceira morte na unidade, que abriga 2.062 presos nos regimes fechado e semiaberto. Os óbitos anteriores aconteceram nos dias 19 e 22 de abril. Os presos tinham 62 e 67 anos, respectivamente. Detentos que tiveram contato com as vítimas estão em celas isoladas na própria unidade.

Penitenciária de Sorocaba teve mortos pela covid-19 em dois pavilhões distintos. Foto: Epitácio Pessoa/Estadão

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Também nesta quarta-feira (13) foi confirmada a covid-19 como a causa da morte do agente penitenciário José Rodrigo Ferreira, de 39 anos, que morreu na Santa Casa de Presidente Prudente no último dia 2. Ele morava em Mirandópolis e trabalhava na penitenciária de Pracinha, cidade da região.

Conforme o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp), 112 servidores já foram tiveram exames positivos para o coronavírus em todo o sistema, que abriga 230 mil detentos. As visitas aos presos estão proibidas desde o dia 15 de março. As saídas temporárias, benefício concedido a presos do regime semiaberto, estão suspensas. Cerca de 3 mil detentos idosos e de grupos de risco para o coronavírus foram para casa por decisões judiciais.

No último dia 9, o sindicato entrou com ação civil pública na 11ª Vara do Trabalho de Campinas pedindo reforço nas medidas de proteção aos funcionários, inclusive a aplicação de testes para detectar o vírus. Até a manhã desta quinta-feira (14), a SAP não havia sido notificada.

Isolamento

A pasta informou que segue as determinações do centro estadual de contingência do coronavírus e avalia permanentemente o direcionamento de ações para enfrentar a pandemia. Nos casos suspeitos entre os presos, o paciente é isolado e a Vigilância Epidemiológica local é contatada. Se confirmado o diagnóstico, além de continuar com os procedimentos indicados, o preso passa a ser mantido em isolamento na enfermaria durante todo o período de tratamento.

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Os servidores com suspeita de portar o coronavírus estão afastados das funções, em isolamento domiciliar. A secretaria informou que acompanha o quadro clínico, oferecendo o suporte necessário. Nas unidades femininas, presas gestantes e lactantes são mantidas isoladas com seus respectivos filhos.

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