Com 32 casos confirmados neste ano, cidade de SP tem surtos de sarampo

Com mais 147 suspeitas sob investigação, capital iniciou na semana passada campanha de vacinação entre jovens; antes de 2019, Prefeitura ficou quase quatro anos sem registrar infecções. Outros seis municípios paulistas também reportam ocorrências

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Foto do author Fabiana Cambricoli
Por Fabiana Cambricoli e Paula Felix
Atualização:

Com 32 casos confirmados de sarampo somente neste ano, a cidade de São Paulo já registra surtos da doença e circulação do vírus em seu território. A informação foi confirmada nesta segunda-feira, 17, ao Estado pelas Secretarias Estadual e Municipal da Saúde. Antes de 2019, a capital estava havia quase quatro anos sem registrar infecção pela doença.

Primeira semana de campanha de imunização entre jovens teve adesão de só 0,2% Foto: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA

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O alerta nas Vigilâncias Sanitárias do Estado e do Município aumentou nas últimas duas semanas, quando o número de casos confirmados saltou de 14 para 32. Do total, oito são importados (cuja infecção ocorreu fora de São Paulo) e os demais estão sendo investigados para que a secretaria possa determinar se a contaminação ocorreu internamente.

Há ainda 147 casos suspeitos notificados, entre eles o de um aluno de uma escola infantil da Pompeia, na zona oeste. Com o registro, a Prefeitura decidiu realizar uma vacinação geral de alunos e funcionários do colégio nesta semana, inclusive de bebês menores de 1 ano, faixa etária em que o imunizante geralmente não é recomendado. Por causa de um possível contato com a criança doente, os bebês a partir de 6 meses que frequentam a escola também serão imunizados.

“Embora a vacina seja indicada aos 12 meses e 15 meses (primeira e segunda doses), ela pode ser aplicada a partir dos 6 meses sem nenhum risco. É segura”, explicou Solange Maria de Sabóia e Silva, coordenadora da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) da secretaria municipal.

Alerta

A notícia do caso suspeito causou preocupação na escola, principalmente entre pais de alunos menores de 1 ano, ainda não imunizados. “Meu filho acabou de completar 1 ano e tinha tomado a vacina na semana passada, mas são necessários dez dias para a vacina começar a proteger. Se o caso suspeito for confirmado como sarampo, há um risco de ele ter sido contaminado porque a doença é altamente contagiosa e as crianças convivem no mesmo ambiente. Estamos com muito medo”, diz o engenheiro Alexandre Ganeu, de 41 anos.

Para tentar impedir um surto de grandes proporções na cidade, a Prefeitura iniciou na semana passada uma vacinação para jovens de 15 a 29 anos, mas a adesão, após uma semana de campanha, é muito baixa: apenas 0,2% do público esperado compareceu aos postos (Confira aqui a lista completa de unidades onde a vacina é oferecida).

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“As pessoas têm de levar a sério a recomendação de vacinação. O vírus está circulando na cidade e a única forma de prevenção é a vacina”, afirmou Solange. Ela ressaltou que, para quem trabalha de segunda a sexta em horário comercial, há 80 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) integradas com AMAs que abrem aos sábados.

De acordo com a secretaria municipal, há registro de casos confirmados de sarampo de moradores de todas as regiões da cidade. De 32 registros, 13 ocorreram na coordenadoria de saúde da zona norte, 7 na do centro, 6 na da região sudeste, 5 na área da coordenadoria oeste e um na da região leste.

Dentre os casos, há surtos confirmados em Higienópolis (região central) e em uma universidade da zona leste.

Ampliação

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 A diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado, Regiane de Paula, informou que, além da capital, outras seis cidades têm casos confirmados da doença: Santos (21 casos), Santo André (6), Guarulhos (4), Osasco (1), Jales (1) e Sorocaba (1), em um total de 66 casos. Nenhuma morte foi registrada. “Com esse cenário, estamos estudando ampliar a campanha de vacinação dos adolescentes e jovens também para Santo André e Guarulhos.”

Outra preocupação da secretaria é de que a chegada de turistas por causa da Copa América piore o cenário de circulação do vírus. Isso porque, somente na Europa, 100 mil casos e 90 mortes por sarampo foram registrados entre 2018 e 2019, conforme a Organização Mundial da Saúde. “Sabemos que há turistas de 98 nacionalidades diferentes que compraram ingressos para os jogos e estamos com núcleos de monitoramento de possíveis casos. Também promovemos vacinação de funcionários dos estádios e dos centros de treinamento”, informou Regiane.

Veja perguntas e respostas sobre o sarampo

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Quais os sintomas da doença?

Os sintomas do sarampo são febre alta, acima de 38,5°C; exantema (erupções cutâneas vermelhas); tosse; coriza; conjuntivite e manchas brancas que aparecem na mucosa bucal de 1 a 2 dias antes do aparecimento do exantema.

O sarampo pode matar?

Sim. Complicações infecciosas decorrentes do sarampo podem levar à morte, particularmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade.

Qual a forma de prevenção?

Como é uma doença extremamente contagiosa, a única forma de se prevenir é com a vacinação, que deve ser aplicada em duas doses: uma aos 12 meses e a outra, aos 15 meses. 

Quem deve se vacinar?

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A primeira dose deve ser dada a crianças de 12 meses de idade. Já a segunda, a crianças de 15 meses (1 ano e 3 meses). Gestantes, crianças com menos de 6 meses e imunocomprometidos não devem receber a dose. A gestante deve esperar para ser vacinada após o parto. 

Adultos estão livres da doença?

Não. E adultos na faixa de 30 anos devem, especialmente, ficar atentos. Isso porque, no passado, a vacinação era feita aos 9 meses e em apenas uma dose. Portanto, eles devem procurar o serviço de saúde para atualizar a caderneta de vacinação.

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