Manaus - Mesmo com 85% dos leitos de UTI para covid-19 ocupados, o Governo do Amazonas liberou a abertura de lojas, salões de beleza, academias e transporte intermunicipal, além de deixar facultativo o retorno das aulas em escolas privadas na educação infantil a partir da próxima segunda-feira, 8. As medidas mantêm a tendência de reaberturas comerciais no Estado, o que tem provocado retorno das aglomerações. O anúncio da nova flexibilização ocorreu na tarde desta sexta-feira, 5, um dia após o último boletim epidemiológico da Fundação de Vigilância Sanitária registrar mais de 2,2 mil pacientes internados por síndrome respiratória aguda, sendo 1.034 casos confirmados de covid-19. Em janeiro, Estado viveu colapso após a falta de oxigênio hospitalar, o que fez pacientes morrerem asfixiados.
Segundo dados apresentados pelo próprio diretor-presidente da FVS-AM, Cristiano Fernandes, o Amazonas segue acima da média nacional de casos e em primeiro lugar no ranking de mortalidade. “A tendência no Brasil é ampliar esses índices, por conta do aumento do número de óbitos observados nos últimos dias”, estimou Fernandes. Até quinta-feira, 4, o Estado contabilizava 11.087 óbitos e 318.948 casos da doença. Após rígido toque de recolher que durou até o início de fevereiro e com o início da vacinação dos grupos prioritários, o Estado teve redução de 18% nos casos e de 54% nos óbitos pela covid-19 nos últimos 14 dias. Conforme os índices apontaram quedas, o governo passou a flexibilizar atividades comerciais, o que tem reduzido o isolamento social, principalmente em Manaus. O reflexo do afrouxamento das restrições foi perceptível em análise de pesquisadores do projeto Atlas ODS Amazonas, que apontaram redução do índice de isolamento de 56%, no fim de janeiro, para 47% na última semana de fevereiro.
As atividades comerciais permitidas acompanham serviços não essenciais, como aberturas de academias, que podem funcionar com 50% de capacidade, e shoppings, que poderão abrir com ocupação limitada a 50% no interior do estabelecimento e 70% nos estacionamentos. Ambos já estavam autorizados na semana anterior. “Nosso desafio é encontrar um equilíbrio. De um lado, estamos trabalhando para ampliar nossa rede de atendimento e, por outro, entendendo a necessidade que temos de ter o mínimo de atividades econômicas”, defendeu o governador Wilson Lima. A crise que colapsou o sistema de saúde em Manaus demandou a transferência de 542 pacientes para outros Estados, entre janeiro e fevereiro. Mesmo com ocupação de 79% dos leitos clínicos não-covid-19 e 85% dos leitos UTI para covid-19, o diretor da FVS mostrou otimismo. “Esperamos ser capazes de atender pacientes de outros estados, mostrando a nossa gratidão aos estados irmãos que nos ajudaram”.