26 de maio de 2020 | 11h00
FORTALEZA - No último dia 20 de maio, a aposentada Rosa Carlos de Araújo, de 83 anos, deu entrada no Hospital Gonzaguinha de Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza, com dores na barriga devido a uma hérnia. No dia seguinte, a idosa precisou de oxigênio e, sem melhoras, passou a fazer o tratamento recomendado para o novo coronavírus. Mesmo com muita falta de ar e a necessidade de ser entubada, dois testes rápidos deram negativo para covid-19. No entanto, dona Rosa precisava de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A neta, Ingrid Araújo da Silva, relata a dificuldade que enfrentou na unidade hospitalar. “Só ouvia falar que não tinha vaga para a minha avó e corri para pedir ajuda nas redes sociais, porque eu não sabia mais o que fazer. Até que apareceu um anjo, advogado, que pediu a liminar para conseguir a vaga de UTI e só assim conseguimos", rememorou a neta de 26 anos. "Às 3 horas da madrugada de hoje (segunda-feira, 25), solicitaram uma ambulância com UTI para transferir minha avó, mas ela não resistiu. O pior é que até agora esse SAMU não chegou. A funerária vai chegar antes da ambulância”.
No Ceará, os hospitais públicos estão com uma média de 87,83% de ocupação dos leitos de UTI, com 91% sendo ocupados por adultos. Nas enfermarias, há 71,75% dos leitos ocupados. Na rede privada de saúde, a situação é ainda mais grave. 93,7% das UTIs e 86,43% das enfermarias estão sem vagas.
O Estadão questionou a Secretaria de Saúde do Estado sobre a quantidade de pacientes que estão à espera de uma vaga para internação em Unidades de Terapia Intensiva, mas não obteve retorno.
Mesmo com a crise no sistema de saúde, a capital cearense ainda encontra dificuldades em se fazer cumprir a determinação de lockdown, medida adotada pelo governador Camilo Santana (PT) no dia 7 de maio.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSPDS), só em Fortaleza, desde o início da determinação de isolamento social rígido até a manhã desta segunda-feira, 25, órgãos de segurança, trânsito e fiscalização estaduais e municipais atenderam 2.633 ocorrências.
Foram 1.766 chamados atendidos por aglomeração de pessoas, 702 referentes a comércios abertos e 165 ocorrências atendidas por descumprimento do uso da máscara de proteção, que é obrigatório.
A pasta informa, também durante esse período, que 169.383 veículos foram abordados nas barreiras fixas montadas nas entradas e saídas de Fortaleza, além das blitze móveis que atuam em ruas e avenidas da capital cearense.
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