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Com alta de internações pela covid-19, Sírio-Libanês recusa pacientes e cancela cirurgias

CEO do hospital disse que cenário é crítico e que casos de média gravidade podem resultar em morte com o colapso do sistema de saúde

Por Julia Marques
Atualização:

O CEO do Hospital Sírio-Libanês, Paulo Chapchap, disse que a unidade cancelou cirurgias eletivas e que não consegue mais atender todos os pedidos de transferência de pacientes. O hospital tem recebido um número elevado de doentes infectados com a covid-19. Chapchap defendeu medidas mais restritivas para conter o coronavírus.

A mensagem de Chapchap foi transmitida em um evento restrito e compartilhada nas redes sociais. Ao Estadão, Chapchap confirmou a declaração. O hospital, referência em todo o País, tem 217 pessoas internadas nesta quinta-feira, 11. No pico de internações no ano passado, em julho, eram 135.

No Hospital Sírio-Libanês, a taxa geral de ocupação é de 92% Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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“Há muitos pedidos de transferência e não temos como atender. Cancelamos todas as cirurgias eletivas”, disse Chapchap. “Tenho 36 pacientes que pediram transferência para o Sirio e não estou atendendo. Hoje (quarta) de manhã não tinha nenhuma vaga em UTI. Estamos convertendo o maior número possível de leitos, mas o sistema não aguenta um tsunami.”

Ele também vê mudanças no perfil dos pacientes, com mais mortes de jovens. “Estamos vendo jovens morrendo, simplesmente pelo fato de que há muito mais jovens contaminados.” Com o colapso do sistema de saúde, o médico destaca que casos de média gravidade, que seriam tratáveis, podem resultar em mortes. “Podemos chegar nessa situação, seria catastrófico.”

Também destacou as sequelas provocadas pela doença. "Há sequelas cognitivas, pessoas perdem olfato e paladar. Coágulos podem gerar isquemia." Para conter a disseminação do vírus, Chapchap defende medidas mais restritivas, como o fechamento de templos e de escolas, diante da situação que ele chamou de “crítica”. Nesta quinta-feira, o governador João Doria (PSDB) anunciou novas medidas restritivas para controlar a pandemia, como o veto à abertura de igrejas e recesso escolar na rede estadual. 

“Não quero ser alarmista, mas estamos perto de um colapso. Está na hora aprofundarmos as medidas. Tem de ter medidas fortes por 2 a 3 semanas”, disse Chapchap. Outros hospitais privados também estão lotados, cancelam cirurgias eletivas e recusam pacientes. O CEO do Sírio lamentou a lentidão na vacinação da população e fez críticas indiretas ao presidente Jair Bolsonaro. 

"Nossa liderança passa mensagens dúbias, isso faz com que as pessoas não adotem as medidas necessárias", disse. O médico defendeu o uso de máscaras e a escolha de ambientes bem ventilados e fez um apelo para que as pessoas fujam de médicos que preconizam tratamentos não comprovados contra o coronavírus, como cloroquina e ivermectina. "Tenho paciente que precisa de transplante de fígado por ter usado de ivermectina."

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