Com eficácia de 50% da Coronavac, País levará 10 meses para se livrar da covid, diz microbiologista

Vacina da Sinovac com Butantã precisa ser aplicada em 160 milhões de pessoas para Brasil alcançar imunidade coletiva

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Por Roberta Jansen
Atualização:

O Brasil precisará aplicar a Coronavac em praticamente toda a população apta a recebê-la (99%) para alcançar a imunidade coletiva contra o vírus da covid-19. O cálculo é do microbiologista Luiz Gustavo de Almeida, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e do Instituto Questão de Ciência. A eficácia global da vacina produzida pelo Instituto Butantã e o laboratório chinês Sinovac é de 50,4%, conforme foi anunciado na última terça-feira, 12.

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Por isso, para alcançar a imunidade, será necessário imunizar 160 milhões de brasileiros (dos 162 milhões que devem receber a vacina). Segundo Almeida, serão necessários cerca de dez meses para atingir essa meta. Assim, o País só estará livre da circulação do novo coronavírus no fim deste ano.

O porcentual da população vacinada e o tempo para atingir essa meta seriam menores com vacinas com eficácia mais alta. Ainda segundo as contas de Almeida, no caso da vacina da Pfizer/BioNtech, que tem 95% de eficácia, por exemplo, seria necessário imunizar metade das pessoas, cerca de 81 milhões. O processo levaria aproximadamente cinco meses.

Microbiologista calcula que são necessários 10 meses para maior parte da população brasileira ser vacinada contra covid-19 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

No caso da vacina da Universidade de Oxford com a AstraZeneca (que está sendo produzida pela Fiocruz e também deve estar disponível no Brasil), com uma eficácia de 62,1%, o porcentual da população vacinada teria que chegar a 80% (129 milhões de pessoas). Isso demoraria cerca de oito meses.

“Quanto menor a eficácia de uma vacina, maior a quantidade de gente que precisa se vacinar para alcançarmos o mesmo efeito de cobertura”, explicou o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Flávio Fonseca, pesquisador do Centro de Tecnologia em Vacinas da UFMG.

“O ideal, claro, seria ter uma vacina melhor, com taxa de eficácia maior. Uma vacina com 70%, 80%, 90% pode vir para nós no futuro, mas isso ainda está distante. Enquanto isso, uma vacina que reduz a chance de doença grave pode ser utilizada e cumpre um papel importantíssimo", comenta. O especialista lembrou ainda que uma parcela da população (cerca de 8 milhões de pessoas) já teve a doença e conta com algum grau de imunização.

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