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Com histórico de outras epidemias, África se prepara para gripe suína

Continente é o único que não tem casos confirmados da doença até o momento.

Por Rafael Pirrho
Atualização:

O continente mais pobre do mundo é, por enquanto, o único sem casos confirmados de gripe suína. Até o momento, apenas duas suspeitas foram registradas na África, ambas de mulheres sul-africanas que viajaram recentemente ao México. Em entrevista à BBC Brasil, o porta-voz da Cruz Vermelha na África do Sul, Matthew Cochrane, informou que a organização já tem centenas de voluntários para combater a doença na África e disse que o continente está mais bem preparado para o problema. Ainda assim, Cochrane reconheceu que a falta de recursos em muitos países pode prejudicar as ações de prevenção e tratamento. "As organizações de saúde e os governos estão fazendo um grande trabalho, levando informação às pessoas. A África, em geral, também está em melhores condições do que no passado, embora ainda não tenha a infraestrutura dos países desenvolvidos", afirmou. Histórico Mas o histórico do continente não é animador. Até hoje, a África sofre derrotas para epidemias muito mais conhecidas, como a cólera - só no Zimbábue, foram mais de 89 mil casos da doença entre agosto do ano passado e março deste ano, com mais de 4 mil mortes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), metade das vítimas fatais não recebeu qualquer tratamento para a doença, e milhares de outros casos sequer foram registrados. A falta de pessoas treinadas é outro problema - enquanto no Reino Unido há 250 médicos para cada 100 mil habitantes, no Sudão são apenas 16. Medidas Muitos governos já anunciaram medidas para tentar evitar o vírus da gripe suína. O Egito ordenou que os cerca de 300 mil porcos do país sejam exterminados e Ruanda proibiu a importação e a venda de carne suína em seu território - embora, de acordo com a OMS, não haja perigo de contaminação com o consumo da carne. Os governos de Quênia, Uganda, Moçambique, Nigéria, Mauritânia, Senegal e África do Sul, entre outros, informaram que já aumentaram a vigilância em todos os pontos de entrada de seus países. África do Sul A África do Sul monitora dois casos suspeitos da doença. Susan Kok, de 58 anos, chegou ao país no sábado passado com sintomas da gripe. Após ser examinada, foi mandada para casa, onde está isolada junto com o marido."Nós passamos um bom tempo em trens e ônibus no México. Não estava me sentindo bem quando cheguei, mas achei que fosse pelo cansaço da viagem. Por insistência da família, fui ao médico e agora estou ansiosa pelos resultados", disse ela, em entrevista por telefone ao jornal Die Burger.Apesar de o caso de Susan ser apenas uma suspeita, o governo da África do Sul se diz preparado para enfrentar a gripe suína e pede que a população não entre em pânico. "Nós já passamos por epidemias como a da cólera, por isso, hoje temos equipes treinadas para combater este tipo de doença. Estamos monitorando a situação com a ajuda de profissionais de saúde dos sistemas público e privado e estaremos prontos para agir se o perigo existir aqui", afirmou a ministra da Saúde da África do Sul, Barbara Hogan. Dificuldades A confiança da África do Sul, país mais rico do continente, contrasta com as dificuldades da Somália, que não tem estabilidade política e muito menos um sistema de saúde eficiente. Durante um encontro em Adis-Abeba, capital da Etiópia, para discutir meios de combate à gripe suína, Awad Abdi, assessor do Ministério da Saúde somali, admitiu que o país não tem estrutura para enfrentar um surto da doença. "Não estamos preparados para a gripe suína, simplesmente não temos condições de combatê-la. Deus nos proteja se ela chegar até a Somália", disse. Futebol O secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jérôme Valcke, também falou sobre a epidemia durante uma entrevista coletiva na quarta-feira, em Johanesburgo, África do Sul. Por causa da gripe suína, a Concacaf - Confederação de Futebol das Américas do Norte e Central - adiou jogos de dois torneios no México. Valcke não descartou que o mesmo aconteça com a Copa das Confederações, que começa dia 14 de junho na África do Sul, mas disse que a Fifa está monitorando o caso e espera que a gripe suína esteja sob controle até o início da competição. "Só vamos suspender a Copa das Confederações se for necessário. Se não houver riscos e tivermos todas as garantias necessárias, a competição será realizada normalmente", disse Valcke. A África do Sul é a sede da Copa do Mundo de Futebol de 2010. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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