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Com quase 90% de leitos ocupados, Ceará prevê entrega de dois hospitais de campanha em até 15 dias

Cerca de 200 respiradores devem chegar da China até domingo, 17; as compras foram feitas ainda em março, diz Secretário de Saúde do Estado

Por Lôrrane Mendonça
Atualização:

FORTALEZA - O Ceará é o segundo estado brasileiro com mais infectados pelo coronavírus, atrás apenas de São Paulo, de acordo com o Ministério da Saúde. Até esta sexta-feira, 15, foram 23.059 casos confirmados, segundo dados da secretaria estadual de saúde. Quase todos os leitos de UTI disponíveis para receber exclusivamente pacientes com coronavírus estão lotados no Ceará.  Pelo menos 555 dos 617 leitos de Unidade de Terapia Intensiva disponíveis em 119 unidades de saúde públicas e particulares estão ocupados, segundo a secretaria da saúde do Ceará. Dez hospitais estão com ocupação total tanto de leitos nas enfermarias quanto nas UTIs, sendo cinco Unidades da Rede Pública de Saúde e outros cinco da rede privada, com destaque para os hospitais Cura Dars, que tem nove pacientes a mais que a capacidade e o Monte Klinikum com cinco pacientes além do número de vagas. O Ceará possui, atualmente, 34 hospitais com taxa de ocupação nas enfermarias acima de 70%.

Hospital de Campanha de Messejana, no Ceará, é construído para ajudar no tratamento de pessoas com covid-19. Foto: Divulgação Governo do Estado do Ceará

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Promessa de entrega de hospitais de campanha

Para atender a alta demanda, a Secretaria de Saúde (SESA) informa que já foram abertos 492 Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 1.670 de enfermaria para atendimento de pacientes com covid-19 na rede pública do Ceará, Fortaleza e interior desde o início da pandemia.  A previsão do governo é entregar mais dois hospitais de campanha até o final do mês de maio. Ao todo, serão 80 leitos de internação a mais nos municípios de Caucaia e Maracanaú, ambos na Região Metropolitana. Caucaia é a segunda cidade que mais concentra casos da covid-19, com 820 doentes, atrás de Fortaleza, que soma 14.259 confirmações.  As duas novas unidades vão funcionar em contêineres para receberem os leitos hospitalares com atendimento exclusivo para pessoas com a covid-19. “Temos acompanhado a situação e Caucaia e Maracanaú são municípios onde têm aumentado o número de casos e de óbitos, então decidimos abrir esses dois hospitais de campanha para dar mais apoio. Já são mais de dois mil leitos abertos no estado somente para o atendimento de pacientes com a covid-19, tanto de UTI como de enfermaria”, afirmou o governador Camilo Santana.

O governador do Ceará, Camilo Santana Foto: JF DIORIO/ESTADÃO

Maracanau e Caucaia também terão ampliação nos hospitais que já estão funcionando. Além deles, a Secretaria de Saúde do Estado (SESA) anunciou que vai aumentar a estrutura de mais quatro hospitais regionais nas cidades de Sobral, Limoeiro do Norte, Quixeramobim e na região do Cariri. “O hospital de Sobral tem atendido as demandas, não houve a necessidade de transferir ninguém para Fortaleza, mas nos preocupa o fato de o município caminhar para uma taxa de ocupação máxima. É uma região que está em ascensão no número de casos e também de óbitos”, disse o secretário, Doutor Cabeto, que relata ainda que as estratégias de ampliação podem mudar, dependendo do cenário de contaminações do coronavírus. Sobral é o terceiro município no número de casos, com 529 confirmações. Maracanau aparece em seguida, com 493 infectados. Até domingo, 17, o Ceará deve receber mais 200 respiradores comprados da China, no mês de março, início da pandemia no estado. “Houve um atraso na entrega desses equipamentos que prejudicou o sistema, mas a expectativa é de que cheguem até domingo para que possamos estruturar ainda mais os hospitais do estado”, confessou. Na noite de 14 de maio, o Ceará recebeu 20 respiradores que serão destinados à implantação de leitos de UTI pelo estado e pela prefeitura de Fortaleza. Os equipamentos fazem parte da carga de 94 aparelhos adquiridos pelas gestões estadual e municipal, com recursos próprios, mas que haviam sido retidos pela União em São Paulo. Ao todo, 58 desses respiradores retidos já chegaram ao Ceará. Além dos hospitais de campanha, em Fortaleza, como a estrutura montada no Estádio Presidente Vargas, o Leonardo Da Vinci e o Hospital Batista, outros quatro hospitais na capital cearense já receberam estruturas anexas para ampliar a oferta de leitos. No São José foram criados 25 leitos, no de Messejana mais 35 e no Hospital Geral são 39 novas vagas.  O Hospital César Cals também ganhou uma estrutura extra, que passou a abrigar leitos de alojamento conjunto para puérperas e recém nascidos, abrindo espaço para 30 leitos de enfermaria, 21 UTIs para adultos, 10 UTIs Neonatal e 27 obstétricos, exclusivos para pacientes com Covid-19.

Hospital de Campanha de Messejana, no Ceará, é construído para ajudar no tratamento de pessoas com covid-19. Foto: Divulgação Governo do Estado do Ceará

Número de óbitos

Em todo o Ceará, o número de óbitos registrados por consequência do coronavírus chega a 1.566. No entanto, o Sindicato dos Médicos do Ceará tem recebido denúncias de que os profissionais estariam sendo pressionados a atestar os óbitos como “suspeita de Covid-19” sem que sejam feitos exames mais detalhados.  Diante disto, o sindicato apresentou um pedidos de providência ao Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) para que sejam feitas as investigações. A instituição também solicita que o MPCE providencie a criação de um canal de comunicação para que profissionais que tenham vivenciado situação semelhante realizem denúncias de forma virtual ou presencialmente, com a possibilidade de entregar provas, cabendo sigilo.  A denúncia ao Ministério Público foi realizada no último dia 14 de maio. O Estadão entrou em contato com o sindicato e, por mensagem, a assessoria de comunicação informou que a diretoria e o jurídico passaram o dia inteiro inteiro em reunião para tratar o assunto da melhor forma possível. Por isso, não foi possível atualizar o caso. 

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“Devido à relevância da temática em questão, estamos recebendo inúmeras solicitações da imprensa, o que torna impossível atender pontualmente a todos. Portanto, para melhor atender os colegas jornalistas, o sindicato emitirá o seu posicionamento e esclarecimentos por meio de nota oficial”, finalizou.

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