Na Panificadora Cinthia, no bairro Chapada, zona centro-sul de Manaus, a gerente Gilda Catikue afirmou que o movimento ainda está reduzido. “Hoje é o primeiro dia e as pessoas ainda vão se habituar a serem atendidas nas mesas", avaliou. "Colocamos poucas mesas e acho que os clientes estranharam o distanciamento entre elas. Esperamos que o movimento melhore nos próximos dias. Nas segundas-feiras, o número de clientes é normalmente reduzido mesmo”, justificou a baixa demanda. No bairro Lírio do Vale, zona oeste de Manaus, o movimento também permaneceu o mesmo das semanas anteriores. A Panificadora Butique dos Pães, localizada na região, não registrou grande movimento, mesmo com a liberação para consumo no local.
Cliente do espaço, Leiliane Silva de Lima, de 29 anos, defende que a abertura deveria ter ocorrido antes. “Na prática, as pessoas já não estavam respeitando, saindo de casa, e indo aos comércios sem máscara. Vamos ver como ficará hoje (segunda-feira). Para o comércio em geral será bom, muitas pequenas empresas fecharam as portas”, lamentou. Para Paulo Batista, gerente da Panificadora Nova Diana, no bairro São Jorge, também na zona oeste da capital, o movimento teve ligeiro aumento. “Houve um pouco mais de clientes, mas compraram só o básico. O faturamento foi igual ao da segunda-feira passada. Poucos clientes optaram por sentar nas mesas e consumir aqui no salão", disse. "Acredito que as pessoas vão adquirir novamente o hábito de sair para consumir fora de casa”. Em uma franquia da fast-food Bob´s, na zona centro-sul de Manaus, houve a decisão de manter apenas o atendimento por delivery e drive-thru, e abrir para consumo interno a partir da próxima semana. “Estamos nos organizando para reabrir para consumo interno, verificando a distância das mesas e vendo a forma de atender melhor o clientes com toda segurança”, afirmou a assistente de gerente Lilian Almeida dos Santos.
Reabertura é vista com preocupação A liberação do comércio é vista com preocupação pelo professor do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Amazonas, Wilhelm Alexander Steinmetz. Ele fez parte da equipe de pesquisadores que coordenou o estudo “Curva de Contaminação Covid-19 – Estado do Amazonas”. “Ainda consideramos que haja novo aumento de casos, sobretudo com esta reabertura. Por mais que tenha havido uma queda no número de internações, isto não exclui a possibilidade de ter aumento nas próximas semanas. Esta queda pode dar a ilusão às pessoas de que a pandemia passou. Isto pode causar novo aumento de casos", explicou Steinmetz. Segundo dados da Secretaria de Estado e Saúde do Amazonas (Susam), o Estado diagnosticou mais 480 casos de covid-19 no domingo, 14, sendo cinco por exame laboratorial de biologia molecular (RT-PCR) e os outros 475 foram detectados por teste rápido, totalizando 56.506 casos confirmados do novo coronavírus no estado amazonense.
De acordo com o boletim divulgado, consolidado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), foram confirmados mais 27 óbitos pela doença. Destes, sete ocorridos nas últimas 24 horas, e 20 tiveram confirmação diagnóstica nesta segunda-feira, 15, elevando para 2.492 o total de mortes. Na Capital, de acordo com dados da Prefeitura de Manaus do último sábado, 13, foram registrados 38 sepultamentos e sete óbitos domiciliares. Ao todo, 45.624 pessoas já passaram pelo período de quarentena (14 dias) e se recuperaram da doença. O boletim aponta ainda que 8.390 pessoas com diagnóstico de covid-19 estão sendo acompanhadas, ou seja, são casos confirmados nos últimos 14 dias, que se encontram internados ou em isolamento domiciliar. De acordo com a Susam, no sábado, 13, a taxa de ocupação de leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) para covid-19 era de 59%, e o índice de UTIs para outras doença era de 66%. Em relação aos leitos clínicos para infecção pelo novo coronavírus, a taxa de ocupação estava em 29% no sábado. Os leitos não-covid registravam 58% de ocupação.