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Com o novo coronavírus, quais cuidados devo tomar ao usar um banheiro público?

CONTEÚDO ABERTO PARA NÃO-ASSINANTES: Além da importância da higienização correta, especialistas alertam para o risco de transmissão em longas filas de espera para uso do sanitário

Foto do author Renata Okumura
Por Renata Okumura
Atualização:

Desde criança aprendemos que é importante lavar as mãos após ir ao banheiro para prevenir contra infecções. Diante da pandemia do novo coronavírus no mundo, os cuidados na hora de usar banheiros públicos ou compartilhados, assim como a limpeza correta do ambiente, devem ser redobrados para evitar o contágio pela doença. Muitas pessoas até optam por não usá-los, mas em alguns momentos é inevitável.

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Especialistas enfatizam a importância da higienização, assim como alertam para o risco de transmissão com a proximidade entre pessoas que aguardam para usar o sanitário. A preocupação é válida principalmente com a flexibilização da quarentena. A população não pode esquecer que a higienização correta das mãos com água e sabão, o uso de máscara facial e o distanciamento social são as principais formas de prevenção. As longas filas em porta de banheiros públicos, principalmente nos femininos, não poderão fazer parte do 'novo normal'. Muitas pessoas são assintomáticas, ou seja, podem ter e transmitir o vírus mesmo sem apresentarem nenhum sintoma.

"O grande problema no banheiro é se tiver pessoas muito próximas umas das outras. A transmissão por utensílios tem importância se a pessoa não fizer a higienização adequada das mãos com água e sabão, após o uso. Recomendo ainda que a pessoa que use o banheiro compartilhado utilize um papel para abrir a maçaneta da porta e não encostar a mão no utensílio. Tomados esses cuidados, o grande problema do banheiro é mesmo a proximidade entre as pessoas que vão usá-lo", diz Lauro Ferreira Pinto Neto, infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor da Santa Casa de Vitória.

Recentemente uma pesquisa chinesa mostrou que, após dar descarga, as fezes ou partículas de urina no vaso sanitário são agitadas pelo fluxo da água, podendo sair em forma de aerossol e serem liberadas no ar do banheiro caso a tampa do vaso sanitário não esteja fechada. No entanto, ainda não há nada conclusivo sobre essa hipótese.

"O que sabemos até agora é que a transmissão acontece principalmente quando alguém que usou o vaso sanitário tossiu e espirrou, porque várias gotículas invisíveis, que podem conter o vírus, ficam em suspensão no ar. Normalmente, os banheiros públicos têm pouca ventilação e isso pode provocar acúmulo de vírus no ar, facilitando a transmissão", afirma Paulo Olzon, infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Principais cuidados na hora de usar um banheiro público

O risco de ser contaminado pelo novo coronavírus pode estar em pias e maçanetas sujas, partículas no ar e pessoas dividindo um mesmo espaço pequeno e fechado. No entanto, se adotadas as medidas corretas, é possível fazer o uso do banheiro público com segurança.

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Em banheiros de shoppings e novos prédios comerciais, é possível encontrar mecanismos automáticos de torneiras e saboneteiras que são ativados pelo movimento das mãos. Mas em muitos locais, a realidade ainda é diferente e o risco de transmissão pelo contato não pode ser descartado.

Sensores e totens com inteligência artificial no aeroporto de Guarulhos Foto: Aeroporto de Guarulhos/ Divulgação

No aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana da cidade, foram implantados sensores e totens operados por inteligência artificial nos banheiros do saguão de embarque dos terminais de passageiros para mapear a movimentação. “Desta forma, corrigir rapidamente os pontos de atenção identificados”, disse, em nota, a GRU Airport.

A empresa também afirma que reforçou o abastecimento de “papel higiênico e papel toalha, sabonete, álcool em gel e a disponibilização de lixeiras dedicadas ao descarte de materiais infectantes, como máscara e luvas”.

Também está em andamento um projeto de reforma e reconfiguração de banheiros dos terminais, com previsão de entrega para outubro deste ano.

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“A iniciativa permitirá o aumento da quantidade de banheiros e a individualização da área de lavabo e do trocador de bebês, visando atender à demanda dos passageiros de lavarem as mãos com maior frequência. A mudança ocorrerá principalmente na área restrita do embarque do Terminal 2”.

Diante do grande fluxo de passageiros nos transportes sobre trilhos, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) afirma que foi criado um comitê para intensificar o monitoramento da higienização nas estações da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), assim como nos terminais de ônibus da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU).

“Monitorar e fiscalizar a higienização dos banheiros das estações e dos terminais, assim como a reposição de itens como sabonete, papel higiênico e papel toalha”, disse, em nota. Além disso, todos os funcionários da limpeza usam Equipamento de Proteção Individual (EPI) necessário para o trabalho.

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Seja no banheiro de estações de Metrô, aeroporto, avião, posto de combustível ou terminal de ônibus, a melhor maneira de se proteger é permanecer com a máscara facial, evitar tocar em utensílios e higienizar corretamente as mãos com água e sabão após o uso do banheiro. Procure ainda levar sempre um frasco de álcool em gel, que poderá usar, caso não encontre os itens de higiene necessários no local. 

Cuidado extra para as mulheres

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“Ainda não há estudos que comprovem totalmente a possibilidade de transmissão da covid-19 por fezes ou urina, em forma de aerossol, após a descarga, mas os cuidados são importantes para evitar qualquer tipo de infecção que pode ter em banheiros públicos”, diz Isaac Fermann, ginecologista obstetra dos hospitais Pro Matre Paulista, Santa Joana e Santa Catarina.

O especialista também recomenda que a mulher sempre carregue e dê preferência ao uso de lenços umedecidos íntimos. “Preferir não sentar no vaso sanitário também é recomendado. A melhor forma de precaução é agachar, sem se encostar ao vaso, como muitas já costumam fazer”.

Atenção com as crianças

Os cuidados também precisam ser redobrados com as crianças. “O ideal é que um adulto sempre acompanhe a criança na ida ao banheiro para orientá-la corretamente sobre as medidas de higiene, principalmente na limpeza do vaso sanitário antes do uso e na lavagem correta das mãos após usar o banheiro”, afirma Marcelo Otsuka, infectologista pediátrico da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

No caso de bebês que usam trocadores, é importante higienizar bem o equipamento. “Limpar o trocador, forrar e lavar as mãos antes de fazer a troca da fralda do bebê. Em seguida, limpe novamente o trocador e lave bem as mãos”, aconselha Otsuka.

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Embora seja aconselhável que a pessoa permaneça com máscara facial durante o uso do banheiro público, nem todas as crianças fazem o uso correto do acessório. “Além disso, algumas crianças não usam máscara, seja por dificuldade, restrição médico de uso ou por serem menores de 2 anos”, acrescentou o infectologista pediátrico.

Cuidados na hora da limpeza

Assim como quem utiliza, o trabalhador que faz a higienização dos banheiros públicos também deve se proteger de possível contágio pelo vírus no ambiente e utilizar EPI para evitar o contato direto com os utensílios.

A limpeza frequente de banheiros em estabelecimentos como lojas, shoppings, escritórios também faz parte do novo protocolo do governo de São Paulo para flexibilizar a volta do funcionamento dos setores no Estado.

“Controlar o acesso aos banheiros, higienizá-los antes da abertura, após o fechamento e, no mínimo, a cada três horas, e facilitar o acesso aos locais para lavagem das mãos”, conforme consta no documento.

Em casa

Na residência, também é aconselhado que o banheiro seja lavado com água sanitária, pelo menos uma vez ao dia, especialmente se tiver idosos e pessoas, que fazem parte do grupo de risco.

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Caso haja algum familiar contaminado com a doença, o ideal é que faço tenha um banheiro exclusivo para seu uso. Como essa realidade não é comum para muitas famílias brasileiras, aconselha-se que o banheiro seja totalmente higienizado após o uso.

“Após usar o banheiro, a pessoa com infecção deve sempre limpar vaso, pia e demais superfícies com álcool ou água sanitária para desinfecção do ambiente”, afirma Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia. 

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