Comida 'à la Bela Gil' para pets fitness

Restrições alimentares por causa de doenças fazem donos trocarem ração por comida caseira

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Foto do author Priscila Mengue
Por Priscila Mengue
Atualização:
Renata Ferraz, servindo alimentação natural para as cadelas, Lola (cinza) e Nina Foto: MARCIO FERNANDES DE OLIVEIRA/ESTADAO

O nome dela é Renata Ferraz, mas pode chamar de “Bela Gil do mundo pet”. Há três anos, a paulistana de 37 anos tirou o avental de chef de cozinha e vestiu o de “petchef”, adotando a marca Cãolinária, por meio da qual ensina receitas voltadas para animais domésticos em palestras, serviços de consultoria e em vídeos no YouTube. Dentre os pratos que elabora estão hambúrguer de quinoa, papinha para cães idosos e picolé de melancia.

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“Agora a minha vida mesmo é cozinhar para bicho”, brinca ela, que trabalhou com alimentação humana durante 15 anos. Renata se tornou referência na culinária para pets ao começar a preparar a alimentação natural em 2013 para sua cachorra Nina, de 5 anos, que tomava medicamentos para alergia. 

A ideia foi proposta pela veterinária Sylvia Angélico, do site Cachorro Verde, uma das referências mais populares sobre o assunto na internet. Com o aval de outra veterinária da cachorra, Daniela Branco, de 35 anos, a chef começou a dar refeições caseiras também para a cadela Lola, de 6 anos. 

De acordo com Daniela, a saúde de Nina mudou de maneira drástica após a introdução da comida caseira. O resultado foi tão expressivo que a veterinária passou a estudar alimentação natural e indicar a outros clientes. O mesmo é dito por Renata. “Minha vida também mudou. Em casa não tem mais nada de conservantes e corantes, e eu voltei a fazer feira”, conta ela, que em 2015 iniciou uma graduação em Veterinária.

Segundo Renata, a melhora de Nina foi tão grande que amigos começaram a lhe procurar pedindo dicas, e assim nasceu o Cãolinária, que ensina a preparar alimentos, mas não vende variedades prontas. “Acho que a pessoa tem de passar pela experiência de fazer a comida para o seu animal”, explica. 

Ela ressalta que a mudança foi positiva até para o bolso. “Com a Lola, devo gastar uns R$ 70 por mês, bem menos do que os R$ 300 que eu gastava com ração super premium”, diz.

Mais saúde. Assim como Renata, o editor Marco Saliba, de 44 anos, buscou uma alimentação mais saudável para seu cão, Half, após o animal apresentar problemas de pele e visão e ser “desenganado por veterinários”. Como último recurso, levou o animal para outra especialista, que indicou a retirada da ração da alimentação.

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O resultado foi imediato. “Ele amanheceu bom no dia seguinte”, conta Saliba. Como Half também tem restrições alimentares por ser cardíaco e diabético, sua alimentação não tem temperos e é acompanhada por nutricionista. “Por ser mais leve, ele come três vezes ao dia, o que é ótimo. A gente pode fazer as refeições juntos, e isso nos aproximou.”

O prato preferido de Half é cordeiro com grão de bico, couve-flor, abóbora, batata, alho-poró e hortelã. Ele não gosta, contudo, de mandioquinha e é alérgico a cenoura e arroz. O interior da geladeira da sua casa está recheado de refeições congeladas com frango, filé mignon, aveia, lentilha, dentre outros.

Aos 3 anos, o cão da raça Shih-Tzu “não repete refeição de jeito nenhum”, de acordo com Saliba. Half é um dos clientes da La Pet Cuisine, uma das primeiras marcas brasileiras de alimentação natural para animais domésticos, criada há cinco anos pela veterinária Juliana Bechara Belo, de 46 anos, e pela chef de cozinha Veri Noda, de 38 anos. 

Sob encomenda. Segundo Juliana, todos os pratos foram desenvolvidos com o objetivo de serem “nutricionalmente completos”, até com opção vegetariana. Há, no entanto, aqueles como Half que recebem dietas sob encomenda, com base em orientações do veterinário. “É difícil para muitos preparar as refeições em casa, por falta de tempo. Atendemos a essa demanda com produtos variados e com um preço equivalente ao das rações super premium”, diz.

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SUPERVISÃO É RECOMENDADA

Professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o veterinário Aulus Cavalieri Carciofi explica que a transição da ração para a alimentação natural deve ocorrer com supervisão de um especialista, preferencialmente com formação em nutrologia animal. 41>“(A comida natural)" não é exatamente uma novidade. Os nossos pais e avós já davam comida para seus cães antes do crescimento da industrialização dos alimentos”, diz. Para ele, a dificuldade em adotar a alimentação caseira é que, hoje, é mais difícil comprar carcaças, ossos e outras partes que contêm nutrientes importantes.

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